O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez duras críticas à família Bolsonaro nesta quinta-feira (10), ao responsabilizá-la diretamente pela taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Em entrevista a mídias independentes do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Haddad classificou a atuação de aliados do ex-presidente como uma “conspiração vergonhosa” contra os interesses do país.
“Isso é assumido publicamente pela pessoa que está nos EUA em nome da família Bolsonaro conspirando contra o Brasil e ameaçando o Brasil. Dizendo que se não houver anistia, a situação tende a piorar. Eu não conheço precedentes históricos de uma coisa tão vergonhosa como a atitude dessa família”, declarou o ministro.
A fala de Haddad faz referência direta ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que recentemente publicou um vídeo dizendo que a única forma de evitar um “desastre” seria aprovar uma anistia ampla e responsabilizar os que “abusaram do poder”, em referência clara ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Eduardo é investigado pelo Supremo justamente por suas articulações no exterior.
Para Haddad, a motivação da família Bolsonaro é exclusivamente política: “A única explicação plausível para o que vimos ontem é porque a família Bolsonaro urdiu esse ataque ao Brasil com um objetivo específico, que é escapar do processo judicial que está em curso.”
O ministro também rebateu as críticas do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que culpou Lula pela decisão do governo Trump. “O governador errou muito. Ou a pessoa é candidata a presidente ou é candidata a vassalo. Não há espaço no Brasil para vassalagem. Desde 1822, isso acabou”, ironizou Haddad.
Segundo ele, a tarifação americana vai atingir duramente a economia paulista, especialmente os setores de suco de laranja e da aviação. “É o suco de laranja de São Paulo. São os aviões da Embraer. A extrema direita vai ter que reconhecer, mais cedo ou mais tarde, que deu um enorme tiro no pé.”
O estopim da crise foi uma carta enviada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump a Lula, classificando o julgamento de Bolsonaro como “caça às bruxas” e denunciando perseguição política. Para Haddad, o episódio escancara o isolamento diplomático do Brasil e expõe o uso da política externa como ferramenta de chantagem interna.
“Essa tarifa não tem nenhum fundamento econômico ou técnico. É resultado de uma articulação política irresponsável que prejudica diretamente o trabalhador brasileiro”, concluiu o ministro.
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*Com informações CNN
