A decisão anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos fabricados no Brasil a partir de 1º de agosto intensificou a polarização política entre os parlamentares de Mato Grosso do Sul. Enquanto deputados e senadores da direita pregam a busca por negociações diplomáticas para amenizar os efeitos, a esquerda defende a política da reciprocidade, seguindo a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O senador Nelsinho Trad (PSD), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE), destacou a importância do diálogo institucional para superar a crise. Segundo ele, “mais de 200 anos de relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos” precisam ser preservados e que “é necessário buscar a pacificação para que nosso comércio não seja prejudicado”. Uma comissão parlamentar pode viajar a Washington para negociar diretamente com o Legislativo americano.
Na mesma linha, a senadora Tereza Cristina (PP) reforçou que “nossas instituições precisam agir com calma e equilíbrio” e que há instrumentos legais para negociar nos próximos 22 dias. Ela ressaltou ainda a longa parceria entre os dois países, afirmando que os povos não devem ser penalizados.
Por outro lado, parlamentares da direita, como os deputados federais Rodolfo Nogueira e Marcos Pollon (PL), atribuíram o tarifaço a erros de política externa do governo Lula, responsabilizando o Executivo e o Judiciário pela deterioração da imagem brasileira no cenário internacional. Nogueira apontou “ataques públicos” do presidente Lula a Trump e qualificou a situação como um “golpe duríssimo à economia, especialmente ao agronegócio”.
Já Pollon alertou que o Brasil “começa a colher os frutos de uma política irresponsável” e acusou Lula de alinhar o país com regimes autoritários, o que teria gerado desconfiança internacional. Para ele, a situação compromete a imagem do Brasil como democracia e o aproxima do modelo venezuelano.
No âmbito estadual, deputados do PL também criticaram duramente o governo federal. O deputado Coronel David declarou que “Lula brinca de líder mundial e quem paga a conta é o Brasil”, enquanto João Henrique associou o desgaste internacional às alianças do governo com países que não respeitam a democracia.
Do lado da esquerda, o deputado federal Vander Loubet (PT) defendeu a soberania nacional e a independência das instituições brasileiras. Ele afirmou que “não cabe a Trump ou qualquer líder estrangeiro influenciar processos judiciais internos” e criticou a disseminação de notícias falsas pela extrema direita.
A deputada Camila Jara (PT) também repudiou o tarifaço e ressaltou que os impactos atingem toda a economia global, inclusive os próprios norte-americanos. Destacou ainda a busca por diversificação dos mercados para minimizar os efeitos negativos.
A senadora Soraya Thronicke (Podemos), mais alinhada atualmente à esquerda, avaliou que a medida tem motivação política e poderá se voltar contra os EUA, fortalecendo relações comerciais entre os países afetados e promovendo o isolamento dos americanos no cenário global.
Na Assembleia Legislativa, o deputado Pedro Kemp (PT) classificou a carta de Trump como “verdadeira e ridícula afronta à soberania nacional” e defendeu a independência do Supremo Tribunal Federal.
Por fim, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) lamentou a medida, qualificando-a como uma “taxação arbitrária com viés político e ideológico” que prejudica tanto o Brasil quanto os Estados Unidos. Ele reforçou o compromisso histórico brasileiro com o comércio livre e o diálogo diplomático.
A medida tarifária dos EUA, portanto, não apenas expõe fragilidades na política externa brasileira, mas aprofunda as divisões políticas internas, enquanto setores econômicos se preparam para os impactos que já começam a ser sentidos.
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*Com informações Correio do Estado