Apesar do discurso público de enfrentamento, o governo brasileiro já admite nos bastidores que não conseguirá reverter integralmente a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto. A estratégia agora é tentar reduzir os impactos da taxação e adiar sua vigência, ainda que parcialmente.
A proposta de solicitar um adiamento de pelo menos 90 dias, inicialmente defendida por setores da indústria, foi deixada para um segundo momento. A prioridade, segundo ministros e representantes do setor produtivo, é esgotar todas as tentativas de negociação para diminuir ao máximo o tarifaço antes de discutir o calendário.
Nos encontros do grupo de trabalho criado por Lula, realizados nesta terça-feira (15), lideranças do setor produtivo pediram ao governo que não retalie os EUA imediatamente, temendo que o confronto direto complique ainda mais as exportações. Com menos de duas semanas até a entrada em vigor da nova tarifa, o clima é de urgência e resignação.
“O tempo é curto. Buscar alternativas é essencial, mas precisamos ser realistas”, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Segundo ele, não há como redirecionar rapidamente a produção brasileira destinada aos EUA para outros mercados, ainda que a China esteja entre os possíveis novos parceiros comerciais.
Especialistas apontam que as tarifas de Trump não apenas afetam o Brasil, mas podem reconfigurar a geopolítica do comércio internacional, abrindo espaço para alianças com outros países e afastando o Brasil dos Estados Unidos. No entanto, o risco imediato é o impacto direto no setor agroindustrial e no emprego, especialmente nas regiões mais exportadoras.
O governo, pressionado, tenta manter o tom altivo em público, mas nos bastidores o recuo já é dado como certo. O que resta agora é minimizar os danos econômicos e políticos de mais um embate entre o Planalto e a Casa Branca.
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*Com informações R7