Quinta, 24 de Julho de 2025

Guerra tarifária com os EUA ameaça devastar a economia brasileira: perda de R$ 667 bilhões e 5 milhões de empregos

Conflito comercial escalonado entre Trump e Lula pode mergulhar o Brasil em recessão prolongada e arrasar cadeias produtivas nacionais, alerta Fiemg

23/07/2025 às 11h36
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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A guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos atingiu um ponto crítico. Com a promessa do ex-presidente americano Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre exportações brasileiras a partir de 1.º de agosto, e a possibilidade de o Brasil retaliar com medidas semelhantes, o país pode estar à beira de uma hecatombe econômica.

De acordo com um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), um cenário de escalada nas retaliações tarifárias entre os dois países pode custar até 6% do PIB brasileiro — o equivalente a R$ 667 bilhões em perdas econômicas — e provocar a demissão de 5 milhões de trabalhadores em até dez anos.

“O Brasil enfrenta seu maior dilema comercial em décadas. Essa não é apenas uma disputa por taxas, é uma bomba-relógio que pode estourar no coração da economia nacional”, alerta Flávio Roscoe, presidente da Fiemg.

O efeito dominó da retaliação

Se o Brasil optar por retaliar os EUA com a mesma moeda — uma tarifa de 50% sobre produtos americanos —, a contração imediata do PIB já seria de 2,21%, ou R$ 259 bilhões. Isso resultaria na perda de 1,9 milhão de empregos e na redução de R$ 36,2 bilhões na renda dos brasileiros. O governo também sentiria o baque com uma queda de R$ 7,2 bilhões na arrecadação tributária.

Mas o buraco pode ser ainda mais fundo. Uma nova rodada de retaliações — com tarifas de até 100% entre os dois lados — levaria a um colapso econômico: queda de 5,68% no PIB, perda de quase 5 milhões de empregos, retração de R$ 93 bilhões na renda familiar e corte de R$ 18,5 bilhões na arrecadação federal.

“Responder com agressividade pode parecer patriótico, mas na prática, é uma sentença de morte para a indústria nacional. A diplomacia é o único caminho racional neste momento”, afirma o economista Felipe Vasconcellos, da Equus Capital.

Trump mira Brasil: motivação vai além do comércio

A justificativa americana para o tarifaço é uma suposta reciprocidade a barreiras comerciais impostas pelo Brasil. No entanto, especialistas veem motivações políticas ocultas por trás da medida. A relação do governo Lula com a Rússia, o tratamento do STF a Jair Bolsonaro e o cerco às big techs no Brasil são citados como fatores que azedaram a relação com Washington.

O jurista Ives Gandra Martins foi direto: “O Itamaraty precisa atuar com habilidade extrema para evitar que esse tarifaço entre em vigor. O prazo está se esgotando.”

Setores-chave à beira do abismo

As consequências não se restringem à macroeconomia. Elas atingem diretamente empresas e setores inteiros.

A Embraer, com quase um quarto de sua receita vinda dos EUA, pode ter um aumento de até US$ 450 milhões por ano em custos. A WEG, Randoncorp e Frasle enfrentariam desafios logísticos e de competitividade, ameaçando sua presença no mercado internacional.

No agronegócio, que representa 25% do PIB, a situação é dramática. A venda de suco de laranja para os EUA pode colapsar. O café brasileiro perderia 6% de seu mercado americano, enquanto o setor de proteínas e açúcar também seria duramente atingido.

Crise sistêmica: da siderurgia à educação

A Fiemg projeta retrações severas nos setores industriais:

  • Equipamentos de transporte: -21,6%

  • Siderurgia e ferro-gusa: -11,7%

  • Produtos de madeira: -8,1%

O efeito cascata também atingiria atividades menos óbvias, como educação privada, serviços domésticos e saúde suplementar, com retrações de até 3%, à medida que o desemprego e a perda de renda reduzirem o consumo e a demanda interna.

Cenário já é negativo mesmo sem retaliação

Mesmo sem retaliação, o tarifaço inicial de Trump já impõe danos substanciais: uma queda de 0,16 ponto no PIB — equivalente a R$ 19,2 bilhões — e a perda de 110 mil empregos.

Os estados mais atingidos seriam São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais — justamente os mais industrializados e expostos ao mercado externo.

Conclusão: um jogo geopolítico perigoso

O Brasil está numa encruzilhada. Retaliar os EUA pode parecer firmeza política, mas significa mergulhar de cabeça em uma guerra tarifária cujo custo seria colossal. O impacto não é teórico: é emprego, renda, competitividade e estabilidade que estão na linha de fogo.

A diplomacia corre contra o relógio. E, como alertam especialistas e empresários, o Brasil não pode se dar ao luxo de errar o próximo passo.

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*Com informações Gazeta do Povo

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