Segunda, 28 de Julho de 2025

A pequena gigante das cachaças: Lamim, na Zona da Mata mineira, lidera ranking nacional de cachaçarias por habitante

Com expressiva plantação de cana e suporte do Governo de Minas, município planeja aumentar ainda mais a produção e fomentar o turismo na região

28/07/2025 às 08h15
Por: WK Notícias Fonte: Secom Minas Gerais
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Maria Teresa Leal / Seapa
Maria Teresa Leal / Seapa

Com pouco mais de 3 mil habitantes, Lamim, na Zona da Mata mineira, conquistou um feito digno de grandes centros: tornou-se a cidade com a maior densidade de cachaçarias registradas do Brasil, de acordo com o Anuário Cachaça 2025 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A cidade possui dez estabelecimentos legalizados, o que representa uma cachaçaria para cada 323 moradores — índice não alcançado por nenhum outro município brasileiro. 

Para o fiscal agropecuário e químico do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) , Flávio Santos, esse marco se deve às temperaturas amenas, à boa distribuição de chuvas, que favorece o desenvolvimento da cana, à tradição produtiva, passada de pai para filho, e a boa receptividade das ações do Governo de Minas por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) e do IMA.

 

"Isso é fruto do trabalho árduo, da paixão e da tradição do mineiro com a produção de cachaça. Com assistência técnica, pesquisa e incentivo para regularização, estamos abrindo portas para que nossas cachaças continuem ganhando o país e o mundo", disse o vice-governador Mateus Simões, celebrando o feito de Lamim.

 
  
  


Já o secretário de Agricultura, Thales Fernandes, lembrou que a bebida é um símbolo da nossa cultura e um vetor da economia rural. “Minas tem orgulho de ser referência nacional na produção da bebida, e seguimos trabalhando para fortalecer ainda mais o setor”, disse. 

Registros e regularização: o papel do IMA

O IMA, órgão responsável no estado pela legalização das cachaçarias, garante que a bebida siga padrões sanitários e de qualidade. “Os alambiqueiros de Lamim entenderam a importância do registro, uma vez que ele agrega valor ao produto, melhora sua qualidade e pode resultar em melhores preços de venda”, explicou Flávio Santos. 

Essas, inclusive, foram algumas das razões que motivaram os irmãos Nivaldo e Lúcio Rezende, do distrito da Piranguinha, a se regularizarem. Produzindo a cachaça Laminense desde 2000, eles decidiram se regularizar há três anos, depois que os fiscais do IMA os procuraram. “Vimos que era hora de legalizar. Fizemos um empréstimo e reconstruímos a fábrica dentro das normas”, orgulha-se Nivaldo.

Segundo ele, a mudança na qualidade da produção foi visível, uma vez que os processos são mais assertivos e tudo é feito com mais higiene e facilidade. Mas a principal mudança é que, agora, eles trabalham sem medo. “A consciência tranquila é a melhor recompensa. Saber que podemos produzir, participar de concursos e divulgar o produto do qual tanto nos orgulhamos, não tem preço”, comentou Nivaldo.

Apoio no campo e assistência técnica 

Animados, Lúcio e o irmão se preparam para participar do 2º Concurso de Cachaças de Alambique e Aguardentes da Emater. Ele contou que, graças à empresa, recebeu suporte durante todo processo produtivo, passando pela colheita, organização da produção e até gestão do empreendimento. “Foi graças a ela que conseguimos o empréstimo. Os técnicos fizeram todo o projeto que seria apresentado ao banco”, contou.

Outro produtor que avaliza a importância desse suporte é Silbert Mourthé, proprietário da Destilaria Arruda, que há três anos produz uma cachaça premium na Zona Rural de Lamim. “Eu quis começar com tudo ‘nos conformes’. Então, tive muitas trocas de ideias com os técnicos e recebi auxílio para montar o alambique”. Seu plano, agora, é estruturar o departamento de vendas e oferecer a bebida a bares de Belo Horizonte. Além disso, ele mira o mercado consumidor do Nordeste do país.

Olhos no futuro

Para o secretário municipal de Lamim, Juninho Pedrosa, a liderança no ranking não é o ponto de chegada, mas, sim, o início de uma nova fase. A prefeitura e os produtores já discutem formas de ampliar a visibilidade da bebida, incentivar o turismo e criar uma identidade regional. “Estamos felizes com essa boa projeção e queremos valorizar ainda mais nossos produtores, incentivar o aperfeiçoamento e a regularização”, avalia Juninho, lembrando que Lamin tem dado o exemplo para o Brasil e provado que, definitivamente, tamanho não é documento.

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