Uma comitiva de oito senadores brasileiros foi aos Estados Unidos na tentativa de conter o tarifaço de até 50% anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros, mas voltaram com um novo alerta: parlamentares do Partido Democrata, oposição ao ex-presidente norte-americano, estão exigindo que o Brasil reveja sua relação comercial com a Rússia – ou uma nova crise pode se instalar.
O recado dado aos senadores foi direto: se o Brasil continuar comprando fertilizantes russos, poderá ser atingido por sanções automáticas aprovadas pelo Congresso norte-americano. Trata-se de uma estratégia do governo dos EUA para forçar Vladimir Putin a negociar um cessar-fogo com a Ucrânia, e o Brasil pode virar alvo colateral desse jogo de pressão internacional.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que integra a missão, foi enfático ao dizer que o Brasil depende desses insumos para manter sua produção agrícola. “Se o fornecimento for interrompido, o agronegócio brasileiro para”, afirmou.
A comitiva brasileira não participou diretamente das negociações oficiais, que estão sob a responsabilidade do vice-presidente Geraldo Alckmin. Mesmo assim, os senadores se reuniram com nove congressistas americanos — oito democratas e um republicano — e com representantes da Câmara de Comércio Brasil-EUA, que se comprometeram a enviar uma carta pedindo a prorrogação das tarifas, previstas para entrar em vigor no dia 1º de agosto.
Durante as reuniões, foi sugerido que o presidente Lula entre em contato com Donald Trump para tentar contornar a crise. Jaques Wagner disse que Lula está disposto ao diálogo, mas que temas como a atuação do Judiciário brasileiro estão fora da mesa. “O presidente tem boa vontade para o encontro, mas quer respeito institucional. Se for para tratar da questão da Rússia, isso pode ocorrer em uma bilateral, desde que não haja ingerência em assuntos internos do Brasil”, reforçou.
A pressão vem em um momento de alta tensão diplomática, após Trump também anunciar tarifas de 25% contra a Índia, alegando que o país asiático compra armamentos e energia da Rússia. Em publicação nas redes sociais, o ex-presidente disse: “Todos querem que a Rússia pare de matar na Ucrânia. Isso tudo não é bom.”
Enquanto o impasse não se resolve, o agronegócio brasileiro vive dias de incerteza — e Lula, mesmo sem querer, pode ter que estender a mão ao ex-presidente americano para tentar conter os danos.
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*Com informações Metrópoles