O que era para ser um ato de apoio à direita em Campo Grande neste domingo (3) virou palco de uma crise política explícita dentro do Partido Liberal (PL) em Mato Grosso do Sul. A briga, até então restrita aos bastidores, ganhou os holofotes quando o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) foi inicialmente impedido de subir no trio elétrico da manifestação organizada por seu colega de partido, Rodolfo Nogueira, também deputado federal.
Revoltado, Pollon gravou um vídeo afirmando que estava sendo censurado por saberem que seu discurso desagradaria os organizadores. Quando finalmente conseguiu acesso ao microfone, explodiu. Proferiu palavrões, atacou o PSDB, o presidente da Câmara e acusou Nogueira de trair os princípios do partido. “Quem engoliu o PSDB, engoliu o PL. Canalhas!”, disparou, num dos momentos mais intensos da manifestação.
Em meio aos gritos e xingamentos, Pollon ainda declarou: “Não vou recuar e o cargo que se lasque. Eu quero que se f...! Eu não vou entregar meu país!”. Segundo ele, houve tentativa de interromper seu discurso ao acelerar o trio elétrico para que caísse ou fosse forçado a parar.
A crise ganhou ainda mais dimensão com o apoio público da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que saiu em defesa de Pollon e de sua esposa, Naiane Bittencourt, presidente do PL Mulher no Estado. “Registro aqui meu repúdio a toda forma de desrespeito e provocação que vocês sofreram hoje. Sigam firmes, com dignidade e coragem”, escreveu Michelle.
Outro aliado importante, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também deu respaldo a Pollon ao repostar seu vídeo com a frase: “Minha mãe pariu um homem”, repetindo as palavras usadas pelo deputado sul-mato-grossense em sua fala.
A confusão deste domingo foi apenas a explosão pública de uma disputa antiga entre Pollon e Rodolfo Nogueira. Os dois nunca se alinharam politicamente dentro da sigla e o rompimento se agravou após a articulação que levou o ex-governador Reinaldo Azambuja (ex-PSDB) para o comando do PL em Mato Grosso do Sul.
O grupo de Pollon acusa Nogueira de ser o principal articulador da entrada de Reinaldo, o que resultou na perda de espaço político do deputado bolsonarista dentro do partido. Pollon foi destituído da presidência estadual do PL e, desde então, perdeu influência sobre as decisões regionais.
Nos bastidores, já se comenta que Pollon estaria negociando com outras siglas para mudar de partido, por não aceitar submeter-se à liderança de Reinaldo, a quem sempre criticou abertamente.
A crise escancarada neste domingo evidencia o nível de desgaste interno do PL em Mato Grosso do Sul e coloca em xeque a coesão da legenda bolsonarista no Estado às vésperas das articulações para 2026.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias.
*Com informações Investiga MS