A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada nesta segunda-feira (4) pelo ministro Alexandre de Moraes, pode desencadear uma retaliação sem precedentes dos Estados Unidos contra o Brasil. Fontes ligadas à administração de Donald Trump já falam abertamente na possibilidade de expulsar instituições brasileiras do sistema financeiro global — uma exclusão do Swift — medida que, na prática, equivaleria a um colapso econômico imediato.
O Swift, sistema responsável por conectar mais de 11 mil instituições financeiras em mais de 200 países, é o coração das transações internacionais. Ser cortado dessa rede significa perder a capacidade de realizar operações bancárias com o exterior, congelando exportações, importações, investimentos, remessas e toda a circulação financeira com o mundo. O Brasil, segundo analistas, ficaria completamente “ilhado”.
A ameaça ganhou força após o Departamento de Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA condenar publicamente a prisão de Bolsonaro. “Os Estados Unidos responsabilizarão todos os que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas”, declarou o órgão, em clara referência à atuação de Moraes.
Para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o cenário já ultrapassou os limites do aceitável. “O que está acontecendo com Bolsonaro é uma perseguição política sem precedentes. Essa escalada vai trazer consequências graves para o país, e o STF será diretamente responsável”, afirmou.
A eventual exclusão do Brasil do Swift é vista por especialistas como uma verdadeira “bomba atômica econômica”. “Um movimento desses paralisaria o comércio exterior e geraria uma fuga imediata de capitais. Seria o maior choque econômico desde o Plano Collor”, alerta Marcelo Godke, advogado especializado em Direito Internacional Empresarial.
Para Francisco Américo Cassano, da Universidade Mackenzie, a medida comprometeria também o funcionamento interno do sistema bancário. “O Brasil movimenta entre US$ 3 e 5 bilhões por dia em operações internacionais. Tudo isso seria bloqueado instantaneamente.”
O ex-presidente Donald Trump, cada vez mais vocal contra o governo Lula e o STF, justificou as recentes sanções comerciais ao Brasil com acusações diretas. Disse que a “guerra judicial” conduzida por Alexandre de Moraes representa uma ameaça à segurança nacional dos EUA e comparou o cerco jurídico ao ex-presidente Bolsonaro a uma “caça às bruxas”.
Na semana passada, Moraes foi incluído na lista de sancionados pela Lei Magnitsky — mecanismo americano que pune autoridades envolvidas em violações de direitos humanos. O ministro e outros sete colegas do STF também tiveram seus vistos revogados.
Diante do possível bloqueio americano, o Brasil vê na China sua principal saída. Em junho, o Banco Master tornou-se o primeiro da América Latina a ser habilitado no sistema CIPS — a alternativa chinesa ao Swift. O mecanismo permite transações em yuan sem passar pelo dólar ou por instituições ocidentais.
O presidente Lula, por sua vez, voltou a defender uma nova moeda internacional para escapar da dependência do dólar, o que só aumentou o desconforto com os EUA. “Precisamos negociar com o mundo sem depender da moeda americana”, disse no domingo (4).
Além da prisão de Bolsonaro e da aproximação com regimes autoritários, outros fatores vêm pesando contra o Brasil: neutralidade diante da guerra na Ucrânia, críticas a Israel, apoio a grupos do Oriente Médio e aliança com os Brics.
Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, foi direto: “As tarifas de 50% foram um passo menor. Trump poderia ter ido além. Cortar o Brasil do sistema financeiro internacional não está fora de questão”.
Se confirmada, a exclusão do Swift colocaria o Brasil no mesmo patamar de isolamento que hoje enfrentam países como Irã e Rússia — e marcaria o maior rompimento diplomático entre Brasil e Estados Unidos nas últimas décadas.
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*Com informações Gazeta do Povo