As novas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entraram oficialmente em vigor nesta quarta-feira (6) e acendem o alerta no Palácio do Planalto. Apesar de desidratado, o tarifaço afeta diretamente setores estratégicos da balança comercial com os EUA, como carne, café e pescado, elevando o risco de desemprego em setores com forte dependência do mercado norte-americano.
Em resposta rápida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu, na noite de terça-feira (5), sua equipe de ministros para definir os detalhes de um plano emergencial voltado à contenção dos danos. Participaram do encontro o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Luiz Marinho (Trabalho) e Rui Costa (Casa Civil).
Segundo interlocutores do governo, a principal preocupação do presidente é com a preservação de empregos. Para isso, o plano prevê um conjunto de medidas direcionadas aos setores mais impactados:
Linhas de crédito especiais, nos moldes do que foi oferecido durante a crise no Rio Grande do Sul;
Compras governamentais, como a proposta do governador do Ceará de aquisição de pescado que iria aos EUA;
Reativação do Programa Seguro-Emprego, permitindo redução de jornada e salários com preservação dos vínculos;
Ampliação do Reintegra, para que exportadoras de menor porte recuperem tributos pagos na cadeia produtiva;
Subsídios, prazos e carências diferenciadas, em estudo pelo Ministério do Planejamento e bancos públicos como o BNDES e o Banco do Brasil.
A ministra Simone Tebet destacou que parte dessas medidas pode ser acionada com autonomia dos bancos públicos, enquanto outras ainda dependem de decisões políticas e negociações internacionais.
Mesmo diante do impacto imediato, o governo brasileiro garante que não irá abandonar o caminho do diálogo. O ministro Haddad já anunciou que participará, ainda esta semana, de uma reunião remota com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
Além disso, o governo deve acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC). A decisão final sobre quando e como ingressar com o pedido está nas mãos de Lula, conforme adiantou o vice-presidente Alckmin.
Para o economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, a resposta brasileira deve ir além das emergências. “É hora de uma estratégia multifacetada: mitigar os efeitos com medidas diretas e buscar novos mercados, como China, União Europeia e Sudeste Asiático, reduzindo a dependência de um só parceiro. O Brasil precisa agregar valor aos seus produtos e inovar para ganhar resiliência”, alertou.
A tensão econômica cresce no Brasil em um momento de desaceleração global e incertezas institucionais. A equipe econômica corre contra o tempo para evitar que os impactos comerciais se transformem em instabilidade social e desemprego em massa. A resposta virá nas próximas horas — e poderá definir o rumo da política econômica nos meses que antecedem o ano eleitoral de 2026.
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*Com informações Metrópoles