O posicionamento do governador Eduardo Riedel (PSDB) contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), feito enquanto cumpre agenda oficial na Ásia, reacendeu o mal-estar entre o PT e a atual gestão estadual. A manifestação gerou reação imediata de lideranças petistas e trouxe de volta ao centro do debate a permanência do partido na base de apoio ao governo de Mato Grosso do Sul.
O deputado estadual Pedro Kemp (PT) foi o primeiro a se manifestar publicamente. Em suas redes sociais, classificou como “incompatível” a aliança com Riedel. “Penso que, com essa manifestação do governador, chegou a hora do PT desembarcar do governo. Nossos projetos são incompatíveis”, escreveu, junto com a manchete da declaração feita por Riedel em defesa de Bolsonaro.
Kemp recebeu o apoio da deputada Gleice Jane (PT), que já vinha, há meses, defendendo o afastamento do partido do governo tucano. O outro deputado petista na Assembleia, Zeca do PT, ainda não se posicionou oficialmente sobre o possível rompimento. Em nota crítica, Zeca relembrou o silêncio de Riedel durante a prisão do presidente Lula, quando, segundo ele, “o governador e seus aliados se omitiram”.
“O governador deveria ter o mesmo comportamento quando Lula foi perseguido e preso por Moro e sua patota. Naquele momento se calou, como se calou seu parceiro Azambuja e muitos outros que agora clamam por anistia”, afirmou o parlamentar.
Zeca, ao lado do deputado federal Vander Loubet, é responsável por indicar a maior parte dos cargos ocupados por petistas dentro do governo estadual. O peso político de ambos dentro da estrutura governista torna o rompimento do PT uma decisão com impactos práticos ainda incertos.
No primeiro semestre deste ano, a cúpula petista chegou a marcar uma reunião com Riedel para discutir a permanência na base, após outra manifestação polêmica do governador, em defesa da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. O encontro, no entanto, foi adiado sucessivas vezes. Posteriormente, Vander Loubet declarou que só voltaria a conversar com o governador após reuniões com Fábio Trad e Simone Tebet — possíveis nomes para a disputa pelo governo e Senado em 2026.
Com as recentes declarações de Riedel, o mal-estar se aprofunda e o impasse volta à tona. A permanência do PT no governo estadual se transforma, cada vez mais, em uma decisão política delicada, com impacto direto nas alianças para as eleições futuras.
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*Com informações Investiga MS