Brasília vive um momento político de ruptura. Em um ato dramático de resistência contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Magno Malta (PL-ES) se acorrentou à mesa do Senado Federal nesta quarta-feira (6), liderando uma ocupação que paralisa completamente os trabalhos legislativos. A ação, iniciada na terça-feira (5) por parlamentares bolsonaristas, tem como estopim a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.
“Eu só saio daqui morto ou com uma resposta concreta para uma população que exige reação diante da escalada de poder de um único homem!”, disparou Malta em vídeo publicado nas redes sociais, acusando Moraes de “imperador togado” e denunciando um suposto abuso de autoridade por parte do Judiciário.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) também protagonizou o protesto. Ela se acorrentou à mesa diretora do Senado e usou as redes sociais para declarar:
“Estamos no limite! Medidas extremas para situações extremas.”
Damares tem sido uma das vozes mais ativas da oposição nos embates com o STF. Nos bastidores, tem articulado com senadores conservadores para que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), abra o processo de impeachment de Alexandre de Moraes — ponto central da pauta bolsonarista nas últimas semanas.
Além disso, o grupo exige:
A aprovação imediata do PL da Anistia, que pretende perdoar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023;
O fim do foro privilegiado, que pode impedir que Bolsonaro seja julgado diretamente no STF.
A pressão chegou também aos senadores de Mato Grosso do Sul. Tereza Cristina (PP) e Nelsinho Trad (PSD) já assinaram o pedido de impeachment de Moraes, enquanto Soraya Thronicke (Podemos) segue sem assinar.
Com o Senado ocupado e sessões legislativas suspensas, o Congresso entra em estado de obstrução. A oposição afirma que só deixará o Plenário com uma resposta concreta do Legislativo, especialmente de Alcolumbre, sobre o enfrentamento ao que chamam de “abusos de autoridade” do STF.
O ato — com acorrentamentos, discursos inflamados e pressão popular — marca um ponto de inflexão entre os Poderes da República. A crise, que antes se limitava a embates institucionais, agora se materializa fisicamente no coração do Parlamento, com cenas que evocam momentos históricos de tensão política no país.
Em meio a uma sociedade polarizada e instituições sob constante atrito, o Brasil entra num novo e incerto capítulo, onde o confronto entre Legislativo e Judiciário pode deixar marcas profundas no equilíbrio democrático.
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