Terça, 04 de Novembro de 2025

Governo Lula adia anúncio do plano contra tarifaço dos EUA e diz que enfrenta sabotagem política interna

Enquanto prepara medidas emergenciais para proteger exportações, diálogo com EUA está travado

12/08/2025 às 09h44
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não definiu a data para anunciar o pacote emergencial contra o tarifaço unilateral de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, mas interlocutores do Planalto indicam que a divulgação pode ocorrer nesta terça-feira (12). Após reunião de mais de duas horas na segunda-feira (11), a equipe econômica analisa detalhadamente as medidas previstas na medida provisória (MP), que promete linhas de crédito, reforma do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) e autorização para compras governamentais de perecíveis, tudo dentro da meta fiscal de déficit zero.

A sobretaxa americana atinge 36% das exportações brasileiras, número que expõe o peso da sanção protecionista adotada por Donald Trump contra o Brasil, União Europeia, China e Índia. Apesar do impacto, o Planalto tem optado por evitar retaliações diretas, apostando em negociações diplomáticas para ampliar a proteção das empresas nacionais.

Entretanto, a tentativa de diálogo com Washington sofre sabotagem interna. A reunião virtual com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi cancelada sem previsão de reagendamento. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a interferência vem de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA e articula medidas para dificultar a aproximação entre os governos.

Haddad declarou: “O Eduardo Bolsonaro publicamente disse que ia procurar inibir esse tipo de contato entre os dois governos, porque o que estava em causa não era a questão comercial.” A negativa americana ocorre justamente no momento em que o Brasil tenta reduzir a lista de produtos afetados — até agora, cerca de 700 itens foram isentos da sobretaxa.

O cenário deixa o governo Lula em uma posição delicada: preparar um plano robusto para mitigar os efeitos do tarifaço, mantendo o equilíbrio fiscal, enquanto enfrenta resistência política doméstica que complica a agenda externa e dificulta a busca por soluções diplomáticas.

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*Com informações Metrópoles

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