
O presidente Lula pretende que a substituição do economista Marco Troyjo no Banco do Brics seja resolvida já nas próximas semanas, antes da viagem que ele fará à China, prevista para março. A candidata do petista para o cargo é a ex presidente Dilma Rousseff, e ele pretende chegar ao gigante asiático com ela na comitiva.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, abriu diálogo com o presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Marcos Troyjo, para que ele renuncie à presidência da instituição, conhecida também como Banco do Brics, grupo de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O mandato dele no cargo vai até 2025.
A permanência de Troyjo, indicado pelo governo de Jair Bolsonaro para o cargo, é considerada insustentável: entre outras críticas, ele chegou a chamar Lula de "presidiário" quando era comentarista da rádio Jovem Pan, em 2018.
Crítico de Lula (PT), Troyjo foi comentarista da Jovem Pan e colunista da Folha, e chegou a se referir ao petista como "presidiário" em participações na rádio.
Quando Jair Bolsonaro (PL) chegou à Presidência da República, ele foi convidado pelo então ministro Paulo Guedes para assumir a secretaria especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia.
Em maio de 2020, foi indicado por Guedes para presidir o Banco do Brics, quando foi eleito para um mandato de cinco anos. Ele tinha sido fundador do BricLab, centro de estudos sobre os Brics na Universidade de Colúmbia (EUA).
A relação do Brasil com os Brics é prioridade para o presidente, que demonstraria a importância que dá ao tema indicando a ex mandatária para a missão.
Haddad já conversou pelo menos duas vezes com Troyjo.
De acordo com integrantes da Fazenda, ele mesmo reconheceria que a sua permanência no banco é uma saia justa e estaria disposto a renunciar.
Outros interlocutores de Lula afirmam, no entanto, que o economista, que é também cientista político e diplomata, resistiria à ideia.
Diante de um impasse, o governo brasileiro seria obrigado a forçar a sua saída, propondo a destituição aos demais países.
Dilma Rousseff resistiu no princípio à ideia de assumir o Banco do Brics, já que a sede da instituição fica em Xangai - um voo direto da cidade ao Brasil dura cerca de 30 horas, mas decidiu assumir o comando da instituição.