O breve encontro entre Lula e Trump nos bastidores da ONU, aclamado como uma “química excelente”, é apenas a superfície de uma relação bilionária e tensa, marcada por divergências ideológicas que permanecem irreconciliáveis. Analistas alertam que, por mais que empresários pressionem por acordos comerciais, a realidade política entre os dois países torna improvável qualquer avanço significativo sem concessões arriscadas.
O diálogo planejado para os próximos dias busca tratar de tarifas, etanol, minerais estratégicos e data centers, mas ignora o núcleo político que tensiona a relação: a condenação de Jair Bolsonaro pelo STF e a resistência de ambos a flexibilizar posições sobre o ativismo judicial. O pragmatismo econômico promete algum avanço, mas é visto como frágil diante de um cenário em que Trump testa limites e aplica constrangimentos deliberados, enquanto Lula precisa equilibrar sua agenda política e eleitoral.
Especialistas alertam que o gesto de Trump é mais estratégico do que cordial, um movimento calculado para aumentar a pressão sobre o Brasil, mesmo diante de promessas de diálogo. Empresários brasileiros, que tentam criar canais de negociação paralelos, podem enfrentar atrasos e obstáculos, já que a pauta comercial dependerá de ajustes técnicos e de alinhamento ideológico, com ganhos palpáveis possivelmente demorando semanas.
O cenário também deixa clara a vulnerabilidade de Lula: avançar nos negócios sem ceder na política será quase impossível, e recuar poderia ser interpretado como fraqueza diante do eleitorado e do próprio Congresso. O canal aberto entre os líderes demonstra que afagos e abraços não dissolvem crises estruturais, apenas escancaram que, entre retórica e pragmatismo, a diplomacia Brasil-EUA caminha em terreno minado.
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*Com informações Gazeta do Povo