Quarta, 08 de Outubro de 2025

Classe média segue castigada: reforma do Imposto de Renda favorece pobres e protege ricos

Enquanto trabalhadores de R$ 5 a R$ 7,5 mil por mês continuam pagando mais, milionários ganham desconto e dividendos passam a ser tributados apenas parcialmente

08/10/2025 às 12h00
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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A reforma do Imposto de Renda, apresentada pelo governo Lula como uma medida de “justiça fiscal”, escancara a realidade: os mais pobres ganham, os ricos são preservados e a classe média é punida. Trabalhadores que ganham entre R$ 5 mil e R$ 7,5 mil por mês seguem sendo os mais atingidos pela defasagem histórica da tabela, que não é corrigida desde abril de 2015.

O resultado é cruel: mesmo sem aumento real de salário, o imposto retido na fonte para essa faixa salarial praticamente triplicou em uma década. Um assalariado que recebia R$ 5 mil em 2015 hoje tem salário bruto de R$ 8,5 mil, mas paga quase R$ 1,2 mil ao Leão, enquanto a faixa de isenção permanece em apenas R$ 2.428.

Enquanto isso, a elite econômica comemora. Quem ganha acima de 30 salários mínimos viu a carga efetiva de IR cair de 12,74% para 9,5%, e os milionários que recebem acima de 320 salários mínimos pagam ainda menos: apenas 4,34%. A tributação sobre dividendos, que voltou a ser cobrada em 10% para grandes acionistas, é mínima se comparada à mordida que a classe média enfrenta, e conta com mecanismos que limitam seu impacto total.

O levantamento do Sindifisco Nacional deixa claro: entre 2007 e 2023, a parcela da renda destinada ao IR por quem recebe de cinco a 30 salários mínimos saltou de 6,32% para 9,85%. Nenhum outro grupo é tão pressionado, e nenhum outro viu a tributação crescer tanto.

A escolha do governo é política: concentrar benefícios na base da pirâmide, para criar uma narrativa de “alívio fiscal”, enquanto protege os mais ricos e mantém a classe média como principal financiadora do Estado.

O resultado é inegável: a promessa de justiça social se transforma em injustiça econômica, mantendo o trabalhador médio refém de uma carga tributária crescente e do congelamento da tabela que corrói seus ganhos há mais de uma década.

O saldo da reforma: um governo que se vende como protetor dos pobres, protege a elite e ignora a população que sustenta o país.

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*Com informações Gazeta do Povo

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