Em mais um capítulo de polêmica sobre gestão pública, 15 vereadores de Campo Grande votaram contra o Projeto de Lei 11.972, que visava dar mais transparência à divulgação dos salários dos servidores municipais, acabando com a chamada “folha secreta”. A proposta, apresentada pelo ex-prefeito e vereador Marquinhos Trad (PDT), tinha como objetivo permitir que toda a população acessasse de forma clara os pagamentos, incluindo penduricalhos que beneficiam apadrinhados políticos.
Para surpresa da sociedade, apenas seis dos 29 vereadores aprovaram a iniciativa: Ana Portela (PL), Dr. Jamal (MDB), Jean Ferreira (PT), Landmark Rios (PT), Luíza Ribeiro (PT), Marquinhos Trad (PDT) e Rafael Tavares (PL).
Marquinhos Trad destacou a importância do projeto e criticou a postura da maioria.
“O bom servidor não teme a transparência, porque é por meio dela que se distingue quem trabalha com honestidade de quem abusa do cargo. Este projeto evitaria qualquer discussão política ou eleitoral sobre folhas secretas ou salários superfaturados. Quem não deve, não teme”, afirmou.
Segundo o ex-prefeito, durante sua gestão não houve necessidade de intervenção do Tribunal de Contas do Estado para divulgar os salários de forma transparente. Ele ressaltou que os penduricalhos, que podem quase dobrar os vencimentos, permanecem de difícil acesso, exigindo conhecimento do CPF do beneficiário.
A vereadora Ana Portela reforçou a posição a favor da transparência:
“Se a população paga imposto, ela tem que saber para onde está indo o recurso dela. O projeto já é bem específico, põe sobre a forma de divulgação da remuneração dos agentes públicos. Por isso, eu voto sim.”
Por outro lado, votaram contra a proposta os parlamentares: Beto Avelar (PP), Carlão (PSB), Clodoilson Pires (Podemos), Dr. Victor Rocha (PSDB), Fábio Rocha (União Brasil), Flávio Cabo Almi (PSDB), Herculano Borges (Republicanos), Júnior Coringa (MDB), Leinha (Avante), Maicon Nogueira (PP), Professor Juari (PSDB), Professor Riverton (PP), Ronilço Guerreiro (Podemos), Veterinário Francisco (União Brasil) e Wilson Lands (Avante).
A votação evidencia um choque entre clamor popular por transparência e o interesse político em manter informações restritas. Marquinhos Trad criticou o comportamento da maioria dos vereadores:
“É natural que quem teme a transparência queira barrar projetos como este. Mas nosso compromisso é com o povo, com a verdade e com o bom uso dos recursos públicos.”
A atual legislatura, que completa dez meses, caminha para se consolidar como uma das mais questionadas da história, em um período em que Campo Grande enfrenta crise de recursos e dificuldades de gestão. O episódio da “folha secreta” reforça a desconfiança da população em relação ao Legislativo local e levanta questionamentos sobre o compromisso dos vereadores com o controle social e a ética na administração pública.
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*Com informações O Jacaré