
O anúncio de um novo acordo comercial entre Estados Unidos e China, feito nesta quinta-feira (30), trouxe apreensão ao agronegócio brasileiro. A decisão chinesa de retomar a importação de soja americana representa uma possível reviravolta no mercado mundial e pode causar fortes prejuízos às exportações brasileiras, que vinham batendo recordes nos últimos anos.
Durante entrevista, Donald Trump afirmou que a China voltará a comprar “quantidades enormes de soja e outros produtos agrícolas” dos EUA, o que coloca fim a um dos períodos mais favoráveis ao agro nacional. Desde o início da guerra comercial entre as duas potências, o Brasil havia se tornado o principal fornecedor do grão ao país asiático.
Com a suspensão anterior das importações americanas, o Brasil conquistou 19% das vendas globais da soja e faturou US$ 31,5 bilhões em 2024 só com embarques para a China. Agora, com o restabelecimento do comércio entre Washington e Pequim, o temor é que parte desse mercado se perca rapidamente.
Segundo Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, o impacto dessa retomada pode ser mais danoso do que o tarifaço de 40% aplicado por Trump sobre produtos brasileiros.
“O Brasil precisa observar com atenção o novo cenário. Se a soja americana for novamente privilegiada, haverá perda direta de espaço e de receita para o nosso produtor”, alertou.
Ele explica que o conjunto de produtos exportados para os EUA representa pouco peso na balança comercial brasileira, enquanto a soja enviada à China é a base do faturamento do setor. Por isso, qualquer mudança no comportamento do mercado asiático afeta diretamente o campo brasileiro.
O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Beber, também demonstrou preocupação.
“Quando a China deixou de comprar dos EUA, o Brasil viveu um momento único, com grande aumento nas exportações. Agora, com esse acordo, a incerteza volta e o mercado reage com instabilidade”, avaliou.
O Mato Grosso, maior produtor de soja do país, responde por 30% da safra nacional e 25% das exportações. Caso a China volte a priorizar os grãos americanos, o estado será um dos primeiros a sentir o impacto da retração.
Especialistas alertam que o Brasil precisará buscar novos mercados e acordos comerciais para compensar as perdas. O gesto de reaproximação entre Washington e Pequim, embora positivo para o comércio mundial, pode marcar o fim do ciclo de prosperidade do agro brasileiro, que vinha sustentando grande parte das exportações nacionais.
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*Com informações Gazeta do Povo