
A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, por meio da equipe de investigação da 1ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã, esclareceu nesta quinta-feira (06) um caso de extorsão que teve como vítima um morador do município, o qual foi coagido a realizar diversas transferências bancárias após ser induzido ao medo de uma suposta investigação policial.
As investigações tiveram início a partir do Boletim de Ocorrência, no qual a vítima relatou ter sido contatada por seu ex-funcionário, que afirmou haver dois indivíduos armados em uma caminhonete circulando nas proximidades de sua residência. O ex-funcionário alegava que tais pessoas seriam “policiais” responsáveis por apurar irregularidades envolvendo a vítima.
Sob forte pressão psicológica, a vítima acabou efetuando seis transferências via PIX, que totalizaram R$ 52 mil, utilizando chaves aleatórias vinculadas a terceiros. Posteriormente, o autor voltou a contatar a vítima, exigindo mais R$ 20 mil.
Diante das novas ameaças, a equipe de investigação organizou uma campana nas imediações do endereço da vítima, a fim de flagrar a entrega do valor. Por volta das 15h, o indivíduo identificado como G.J.M.H., vulgo “Chiquito”, 24 anos, apontado como intermediário, compareceu ao local, sendo abordado pelos policiais civis e identificado.
Durante a abordagem, o suspeito afirmou não saber a quem entregaria o dinheiro, alegando manter contato apenas por meio de dois números de telefone supostamente pertencentes a outros envolvidos. Conduzido à Delegacia, verificou-se que ele já havia sido autuado no dia anterior em ocorrência de receptação de veículo.
Com o avanço das diligências, os investigadores descobriram que o autor é cunhado do destinatário das transferências, além de possuir dívida pendente com a vítima, o que indicava um motivo financeiro direto para o crime.
Outro ponto determinante para a elucidação dos fatos foi a constatação de que o autor encaminhava fotografias à vítima, nas quais alegava estar sendo perseguido por supostos policiais armados, com o intuito de gerar medo e coagir novos pagamentos. As imagens, entretanto, eram de baixa qualidade, sendo uma delas capturada em frente à residência do próprio autor, comprovando que ele havia criado um falso cenário de perseguição.
A vítima também relatou ter recebido fotos de armas de fogo, supostamente em posse do autor, o que levou a equipe de investigação a se deslocar até a sua residência para averiguar a possível situação flagrancial e ainda verificar possível ocultação de valores.
No local, a companheira do investigado autorizou a entrada da equipe, declarando que não havia nada ilícito. Durante as buscas, os policiais encontraram dois aparelhos celulares, sendo um escondido dentro do cesto de lixo do banheiro, coberto com papel higiênico, e outro embaixo do colchão. Apesar da autorização concedida, ficou evidente a tentativa de ocultação dos dispositivos.
Já na Delegacia, os investigadores realizaram ligações para os números informados pelo próprio autor como sendo de seus supostos comparsas. Constatou-se, contudo, que as chamadas eram recebidas diretamente nos aparelhos apreendidos, evidenciando que os demais envolvidos eram fictícios e que o autor utilizava tais números para simular a existência de uma quadrilha.
Chamou ainda a atenção dos investigadores o fato de que, logo após receber os valores da vítima, o autor adquiriu uma motocicleta mais nova e um outro veículo no qual foi preso em flagrante no anterior, em razão de ser produto de crime.
Durante o interrogatório, já na presença de seu advogado, o autor foi confrontado com as provas levantadas se limitou a afirmar que seu cunhado não teve participação nos fatos.
Os aparelhos celulares foram apreendidos e os fatos devidamente registrados em Boletim de Ocorrência, prosseguindo as investigações sob coordenação da 1ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã.