
O que parecia uma parceria sólida entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados começa a dar sinais de desgaste. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que via em Hugo Motta (Republicanos-PB) seu principal articulador político junto ao Centrão, demonstrou insatisfação após o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), atual secretário do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e opositor ferrenho do PT, ser escolhido relator do Projeto de Lei Antifacção.
A escolha provocou reação imediata de Lula, que teria telefonado pessoalmente para Motta no último sábado (8). Embora aliados descrevam a conversa como “tranquila”, a ligação foi interpretada como um claro sinal de descontentamento.
O desconforto se explica: o projeto é considerado uma das principais bandeiras do governo na área da segurança pública, e a nomeação de Derrite — que planeja disputar o Senado por São Paulo e até o governo do Estado — foi vista no Planalto como uma derrota política.
Nos bastidores, duas versões circulam. A primeira aponta que Lula teria dado um “puxão de orelha” em Motta por ignorar as articulações do Planalto. A segunda, mais conciliadora, sugere que o movimento foi combinado para evitar a rejeição do projeto no Congresso. Nesse caso, todos sairiam com algum ganho político: o governo mantém o texto em pauta, a oposição ganha visibilidade e Motta reforça seu papel como mediador.
Mesmo assim, o episódio expõe um abalo na relação entre Lula e Hugo Motta. O deputado vinha sendo cortejado pelo Planalto com promessas de espaço e poder, mas o telefonema do presidente indica que o clima de “lua de mel” política pode estar chegando ao fim.
Entre aliados de Motta, porém, a leitura é oposta: o parlamentar teria conseguido equilibrar forças e evitar uma crise maior, consolidando sua imagem de estrategista — ainda que isso tenha custado um incômodo direto no coração do governo.
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*Com informações CNN