Campo Grande (MS) – Cresce nos bastidores da política sul-mato-grossense a pressão do Republicanos para emplacar o vereador Herculano Borges no comando da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (SETESC). A articulação tem como pano de fundo uma movimentação estratégica que permitiria o retorno do ex-vereador Betinho à Câmara Municipal de Campo Grande, fortalecendo o partido no cenário local.
Atualmente, a pasta é comandada por Marcelo Miranda, considerado um dos nomes mais próximos e de maior confiança do governador Eduardo Riedel (PSDB). Entretanto, Miranda é também personagem central de um desgaste político que se arrasta desde as últimas eleições, quando disputou vaga na Assembleia Legislativa. À época, Herculano manifestou insatisfação com a candidatura de Marcelo, alegando que a sobreposição de bases eleitorais entre ambos contribuiu para o seu insucesso na tentativa de reeleição.
Desde então, o clima entre os dois nunca foi plenamente restabelecido. Segundo aliados próximos, Herculano nunca se sentiu confortável com o protagonismo dado a Marcelo Miranda dentro do governo, considerando que, como ex-deputado estadual e liderança tradicional no segmento evangélico, deveria ter recebido maior espaço político.
Nos bastidores, dirigentes do Republicanos avaliam que a ida de Herculano para a SETESC representaria não apenas um ganho administrativo, mas também uma forma de reequilibrar o jogo de forças dentro da base governista. A eventual nomeação abriria caminho para o retorno de Betinho à Câmara, fortalecendo a presença do partido no Legislativo municipal.
Por outro lado, há resistência dentro do núcleo político do governo. Marcelo Miranda é visto como figura técnica, leal e eficiente, especialmente nas áreas de turismo e cultura, consideradas estratégicas para o projeto de desenvolvimento de Riedel.
Outro elemento que reforça as especulações é o recente anúncio do próprio governador Eduardo Riedel, de que todos os secretários que pretendem disputar as eleições de 2026 deverão deixar o governo no início do próximo ano. A medida cria uma janela natural de rearranjos políticos e pode abrir espaço para novos nomes — cenário que o Republicanos tenta aproveitar para ampliar sua influência no primeiro escalão.
Por enquanto, o Palácio dos Guaicurus mantém silêncio sobre o assunto, e as lideranças do Republicanos também evitam declarações públicas. Ainda assim, a movimentação evidencia a disputa velada por espaço dentro da base aliada e antecipa que as composições para 2026 já começaram a ser desenhadas.
