Durante os três primeiros meses do Governo Lula em 2023, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já registrou 16 invasões de terra no país, sendo 7 do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e 9 da Frente Nacional de Lutas (FNL).
O número supera todo o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. O ano todo de 2019, registrou 11 invasões.
Dados do Incra:
A última invasão registrada foi em Pernambuco, em uma fazenda de cana-de-açúcar com 800 hectares, no município de Timbaúba, na Zona da Mata, que deu início ao chamado “Abril Vermelho”, quando o MST intensifica as invasões.
Em 2022, ainda no governo de Bolsonaro, o “Abril Vermelho” se resumiu a marchas e manifestações, com apenas quatro invasões de propriedades rurais.
No caso de Pernambuco, o MST alega que os 800 hectares do Engenho Cumbe eram de terras estaduais, que foram griladas e agora estão improdutivas. O Incra informou que não é possível confirmar se são terras produtivas, porque o processo de vistoria em propriedades rurais está suspenso.
Antes disso, no início de março, o MST já tinha invadido três fazendas da Suzano, no sul da Bahia, nos municípios Caravelas, Teixeira de Freitas e Mucuri. Os invasores deixaram as áreas e o Ministério de Desenvolvimento Agrário se encarregou de intermediar a negociação entre MST e indústria.
Em Itabela, também no sul baiano, o MST invadiu a Fazenda São Jorge, em março. Já houve decisão judicial para a reintegração de posse e, embora os invasores tenham se comprometido a sair pacificamente da área, ainda permanecem lá, alegando que temem a presença de um grupo de fazendeiros nas imediações. Outra área invadida nessa mesma época na Bahia foi a Fazenda Limoeiro, em Jacobina.
No fim de março, uma fazenda foi invadida pelo movimento, em Hidrolândia, no interior de Goiás. A propriedade de 680 hectares, que pertenceu a um grupo condenado por exploração sexual de mulheres e adolescentes, pertence à União.
Já a FNL invadiu áreas no oeste de São Paulo, no ato chamado de “Carnaval Vermelho”, além de ter invadido propriedades rurais em Mato Grosso.
Em razão do aumento das invasões com a troca de governo, a Frente Parlamentar da Agropecuária já conseguiu as assinaturas necessárias para abrir uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) para investigar o MST.