
O Mercado Financeiro reagiu mal à fala do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, cotado para o Ministério da Fazenda do Novo Governo, em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), nesta sexta-feira (25).
Se a intenção de Fernando Haddad era aplacar a resistência da Faria Lima a seu nome no campo da economia, o almoço desta sexta-feira na Febraban não funcionou.
O Ibovespa, índice de referência da Bolsa, ampliou sua queda após as falas do petista, recuando de quase 112 mil pontos para perto de 109 mil, uma queda de 2%.
Os investidores consideram que faltaram “sinais claros de controle de gastos”, segundo fontes da área financeira ouvidas após o almoço da Febraban.
Às 16h37, o Ibovespa registrava variação negativa de 2,64%, aos 108.874 pontos. O dólar fechou em alta e voltou a superar os R$ 5,40.
Ele não tocou em aspectos importantes, como a responsabilidade fiscal. O que existe hoje é uma proposta que traz um gasto de R$ 200 bilhões e que não diz de onde virão esses recursos. Era necessário ser bastante claro sobre isso. Por isso que o mercado esticou a queda — afirmou um ex-diretor do Banco Central.
Dois outros economistas citaram a percepção captada pelo mercado de que o ex-prefeito é “dogmático” na sua visão econômica e "arrogante” - “É preciso passar a impressão de que poderá influenciar o PT e o próprio Lula da necessidade de equilibrar as contas”, afirmou outro economista presente ao evento.
É como se a bagagem econômica de Haddad atrapalhasse, já que teria mais autonomia em defender ideias próprias muitas vezes lidas como avessas ao equilíbrio das contas públicas.
No discurso, Haddad falou de reformas necessárias, como a tributária, de reorganizar o Orçamento para dar prioridade a gastos que a sociedade escolheu ao eleger Lula e reforçou a necessidade de o Executivo conversar com todos os poderes, além dos outros entes da Federação, de forma harmônica.
Até para o Congresso Haddad sinalizou, afirmando que o destino dos recursos do Orçamento precisa ser discutido amplamente com o parlamento. Mesmo assim, agentes do mercado miraram apenas para os aspectos fiscais do discurso.
Um dos principais sócios de um banco da Faria Lima que esteve no almoço classificou as declarações de Haddad de “superficiais”.
Haddad é visto como principal cotado para ocupar a Fazenda no governo Lula – e o evento na Febraban foi visto como um teste com agentes financeiros.