As urnas do primeiro turno das eleições municipais confirmaram as expectativas: o centro e a direita emergiram vitoriosos, enquanto a esquerda enfrentou uma clara derrota. O PSD destacou-se como o partido que elegeu o maior número de prefeitos, seguido de perto por MDB e PP, consolidando uma tendência conservadora que se intensifica a cada eleição.
Os personagens que personificam essa vitória são o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Tarcísio acompanhou de perto a campanha do prefeito Ricardo Nunes, que superou um empate triplo e avançou ao segundo turno, mostrando lealdade ao apoiar Nunes em um momento crítico, quando Pablo Marçal ameaçava sua posição. Kassab, por sua vez, celebrou a conquista do PSD, que desbancou o MDB ao liderar a eleição em 844 cidades.
Os dados revelam um eleitorado que reafirma suas preferências conservadoras, com PSD, MDB, PP e PL dominando as eleições. Essa situação é crucial, pois a quantidade de prefeitos e vereadores eleitos se traduz em mais poder para esses partidos nas próximas eleições para deputados e senadores em 2026, sinalizando que, independentemente do resultado da próxima eleição presidencial, o centro e a direita continuarão a influenciar as decisões no próximo governo.
No contexto atual, onde o Legislativo detém mais poder que o Executivo, os resultados das urnas tornam-se ainda mais significativos. Das onze capitais definidas no primeiro turno, nenhuma ficou com o PT, refletindo uma queda drástica em sua influência, especialmente em cidades estratégicas como São Bernardo do Campo, onde Lula vota, e outras no ABC paulista.
Embora o PT tenha conseguido avançar em doze capitais e eleito 251 prefeitos — um número superior aos 182 de 2020 —, o partido não se posiciona de maneira forte no cenário nacional, ocupando apenas o nono lugar no ranking de eleitos. A perda de prefeituras e a ausência em capitais são um indicativo de que, mesmo sob a presidência de Lula, a esquerda enfrenta dificuldades em estabelecer um poder político sólido.
No curto prazo, esse cenário altera o equilíbrio nas negociações com o governo Lula. O PSD, com sua nova força, já está promovendo um candidato à presidência da Câmara, enquanto as negociações para uma reforma ministerial prevista para o primeiro trimestre de 2025 podem favorecer ainda mais os partidos de centro e direita.
Em 2026, os efeitos dessas eleições se mostrarão ainda mais evidentes. Com um número crescente de prefeitos e vereadores, os partidos centristas e de direita se preparam para uma competição intensa nas negociações que definirão o futuro da política nacional.
Para Lula, o desafio é claro: enquanto negocia com figuras proeminentes como Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, o presidente deve se empenhar em fortalecer a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) e evitar que o centro e a direita se consolidem como uma frente ampla de oposição. A vitória do primeiro turno, portanto, não é apenas uma questão de prefeituras, mas um indicativo de uma luta política que moldará os próximos anos no Brasil.
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*Com informações CNN