Sexta, 18 de Outubro de 2024

PF deflagra operação contra grilagem e incêndio criminoso de 30 mil hectares no Pantanal

Área devastada inclui terras públicas incendiadas e manejo ilegal de gado com ligação à Bolívia

10/10/2024 às 08h19
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Divulgação/PF
Foto: Divulgação/PF

Nesta quinta-feira (10), a Polícia Federal deflagrou a operação Arraial de São João, visando combater o incêndio criminoso que devastou 30 mil hectares de terras públicas no Pantanal, em Corumbá, a 428 km de Campo Grande. A investigação aponta que as áreas queimadas estão sendo utilizadas para grilagem e exploração ilegal, com indícios de manejo irregular de gado proveniente da Bolívia. A ação conjunta com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e a Iagro/MS (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) também mira crimes de desmatamento e associação criminosa.

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Os incêndios, que começaram durante a temporada de 2024, espalharam fumaça por todo o Mato Grosso do Sul e chegaram até a Bolívia, agravando os impactos ambientais na região. Segundo a perícia da PF, as queimadas no Pantanal são um crime reiterado, usado como estratégia para destruir áreas de domínio público, que posteriormente são griladas para exploração econômica ilegal. Após a queimada, os criminosos passam a utilizar essas terras para criar gado de forma irregular, prática que é investigada em parceria com as autoridades bolivianas, dada a proximidade das áreas atingidas com a fronteira.

A operação cumpriu três mandados de busca e apreensão emitidos pela Justiça Federal de Corumbá, e, até o momento, uma arma foi apreendida. A operação surge como continuidade das ações de combate aos crimes ambientais que ocorrem na região, em especial, após a repercussão das cenas de destruição capturadas durante o final de semana do Arraial de São João, tradicional festa junina de Corumbá, que registrou margens do Rio Paraguai em chamas. O cenário chocante contribuiu para ampliar a visibilidade da catástrofe e pressionou as autoridades a agirem de forma mais contundente.

Os responsáveis pelos crimes investigados poderão responder por provocação de incêndio em mata ou floresta, desmatamento, exploração econômica de área de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa. A força-tarefa que integra Polícia Federal, Ibama e Iagro segue atuando para identificar todos os envolvidos e mitigar os danos causados ao bioma Pantanal, um dos ecossistemas mais ricos e frágeis do mundo.

Vale destacar que esta não é a primeira operação da PF para combater crimes ambientais na região. No dia 20 de setembro, a operação Prometeu foi deflagrada para investigar atividades similares, como desmatamento ilegal e grilagem de terras da União em outras áreas do Pantanal. A constante reincidência desses crimes reforça a necessidade de ações mais firmes para conter a destruição ambiental e punir os envolvidos.

A PF e as autoridades ambientais alertam que, além dos prejuízos à biodiversidade e ao meio ambiente, essas ações criminosas também afetam diretamente a economia local, uma vez que a degradação das áreas naturais prejudica o turismo, a pesca e a agricultura, atividades tradicionais que sustentam muitas comunidades pantaneiras. A operação Arraial de São João é mais um passo na tentativa de frear esse ciclo de destruição e responsabilizar os envolvidos.

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