Sexta, 18 de Outubro de 2024

Bolsonaro explode contra Valdemar e ameaça abandonar a política: “Ou sou eu em 2026 ou jogo a toalha”

Ex-presidente demonstra indignação com inelegibilidade e críticas do líder do PL

16/10/2024 às 18h36
Por: Tatiana Lemes
Compartilhe:
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestou profunda irritação com a condução de seu partido pelo presidente Valdemar da Costa Neto. Em uma entrevista à rádio Auriverde Brasil nesta quarta-feira (16), Bolsonaro, visivelmente incomodado, afirmou que se sua inelegibilidade continuar até 2030, ele desistirá de qualquer pretensão política e “jogará a toalha”. “Se continuar valendo, eu só tenho um caminho: cuidar da minha vida. Não acredito mais no Brasil, no meu país que tanto amo e dou minha vida por ele, mas é realmente inacreditável", afirmou Bolsonaro.

Continua após a publicidade
Anúncio

A irritação de Bolsonaro foi desencadeada por recentes declarações de Valdemar em entrevistas, onde o presidente do PL sugeriu que o nome do partido para as eleições presidenciais de 2026 poderia ser o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ou mesmo o deputado Eduardo Bolsonaro. Bolsonaro, porém, foi firme em sua resposta: "Eu sei que não sou nada no partido, agradeço muito ao Valdemar por ser presidente de honra, mas candidato para 2026 é Jair Messias Bolsonaro".

A tensão entre Bolsonaro e Valdemar tem raízes em uma série de divergências sobre a direção política do PL. O ex-presidente tem se sentido isolado dentro do partido desde que foi impedido de manter contato com Valdemar e outros membros, devido ao inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder. Desde fevereiro, Bolsonaro está proibido de se comunicar com outros envolvidos no caso, o que aprofundou a sua frustração.

Além disso, Bolsonaro expressou sua insatisfação com a postura do partido em relação a membros acusados de corrupção. Ele criticou a permanência dos deputados Pastor Gil e Josimar do Maranhãozinho no PL, ambos envolvidos em denúncias de corrupção. “Não mando em nada aqui, mas não tem clima do nosso pessoal permanecer no partido se passam a mão na cabeça de marginais”, disse Bolsonaro, deixando claro seu descontentamento com a liderança de Valdemar.

Bolsonaro também rebateu as declarações de Valdemar sobre a falta de apoio bolsonarista no Maranhão. Segundo Valdemar, em regiões como o Maranhão, onde não há distinção clara entre esquerda e direita, é necessário conquistar o eleitorado para vencer as eleições. Bolsonaro respondeu de forma incisiva: “Quer dizer que não tem pessoas honestas no Maranhão? Temos como fazer no Maranhão quatrocentos deputados federais que vão orgulhar o estado, o partido e o Brasil”, afirmou, sugerindo que a visão de Valdemar não condiz com a realidade e que há espaço para o bolsonarismo no estado.

Bolsonaro ainda mencionou que, caso continue inelegível, sua carreira política está em risco. "Eu sou o candidato para 2026, se eu não puder ser, vou jogar a toalha. Não acredito mais no Brasil", desabafou o ex-presidente, ressaltando que sem ele, o partido não terá uma liderança forte nas próximas eleições. A condenação que impede Bolsonaro de concorrer até 2030 resulta de acusações de abuso de poder político e econômico, além do uso indevido de meios de comunicação em eventos como o encontro com embaixadores e as comemorações do Dia da Independência de 2022.

As declarações inflamadas de Bolsonaro parecem ser uma resposta direta à crescente divisão dentro do PL e à frustração com a liderança de Valdemar, que vem sinalizando outras alternativas de liderança para 2026. O ex-presidente deixou claro que sua lealdade ao partido está em xeque e que sua continuidade na política depende diretamente de sua inelegibilidade ser revertida.

Continua após a publicidade

Valdemar, por sua vez, parece seguir uma estratégia de ampliar a base eleitoral do partido, mesmo que isso signifique atrair figuras que desagradam o bolsonarismo. A tensão entre as duas figuras mostra que o PL enfrenta um futuro incerto, com a possibilidade de Bolsonaro se afastar definitivamente da política, caso as decisões judiciais que o afastam das eleições sejam mantidas.

Essa nova fase de embate entre Bolsonaro e Valdemar revela a fragilidade interna do PL e as dificuldades que o partido pode enfrentar em se consolidar como uma força unida nas eleições de 2026. Enquanto Bolsonaro exige fidelidade e centralidade, Valdemar parece disposto a sacrificar o bolsonarismo radical em prol de uma estratégia mais ampla, que poderia levar o partido a novos rumos sem sua figura mais icônica.

Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e acesse nossas redes sociais. 

*Com informações UOL

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários