Na reta final do segundo turno, o presidente Lula tentou recuperar sua influência ao divulgar mensagens nas redes sociais, apoiando catorze candidatos a prefeito. Em vídeos curtos, ele apresentava seus afilhados políticos, implorando por um voto de confiança e promovendo as realizações de seu governo. No entanto, essa ofensiva foi um verdadeiro fiasco: apenas três dos candidatos conseguiram vencer, e o PT, que esperava retomar força nas capitais, ficou com apenas uma prefeitura, em Fortaleza.
A principal decepção foi a derrota de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo, onde a transferência de votos prometida por Lula não se concretizou. Essa situação fez ecoar a crítica de que o presidente se distanciou da disputa municipal, temendo a associação a novas derrotas. O resultado, que deixou o PT com apenas 252 vitórias em 5.570 municípios, representa uma queda dramática em comparação com eleições anteriores. Em 2004, o partido havia dobrado o número de prefeituras e conquistado nove capitais.
A frustração dentro do PT é palpável. Após o segundo turno, Lula se reuniu com o ministro Alexandre Padilha e a presidente do partido, Gleisi Hoffmann. Padilha não hesitou em afirmar que o PT ainda está “no Z4” das eleições municipais, provocando desconforto em Gleisi, que criticou a visão pessimista. Internamente, o clima é de caça às bruxas, com descontentamentos crescentes sobre a condução do partido.
Além disso, rumores de um possível encurtamento do mandato de Gleisi no comando do PT ganham força, uma vez que há setores do partido que apoiam Padilha como uma figura mais conciliadora. A disputa pelo futuro do partido se intensifica, com a necessidade urgente de renovação das estratégias de comunicação e de liderança, em um cenário onde a esquerda se vê cada vez mais isolada nas redes sociais.
Lula também se preocupa com a ascensão da direita e da centro-direita, que, após as eleições municipais, se mostram cada vez mais preparadas para desafiá-lo em 2026. A anistia a Jair Bolsonaro ganha força no Congresso, enquanto o presidente é aconselhado a realizar reformas ministeriais e pacotes de cortes de gastos para acalmar o mercado.
Além disso, a recente anulação das condenações do ex-ministro José Dirceu pelo Supremo Tribunal Federal (STF) reacende debates sobre o passado do PT e seu futuro. Com Dirceu novamente elegível, as vozes que clamam por uma renovação verdadeira e um diálogo mais aberto com a população se tornam mais urgentes. “A esquerda precisa se reformar, porque o mundo é outro, o Brasil é outro”, afirmam críticos e aliados do presidente.
Neste cenário turbulento, Lula terá que lidar não apenas com a dor da derrota, mas também com as pressões internas e externas que ameaçam sua liderança e o futuro do PT. Se não conseguir se conectar com as demandas da sociedade, a tão esperada renovação poderá se tornar uma miragem.
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*Com informações Veja