Os deputados federais Ricardo Salles (Novo-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) abriram uma nova fase de tensões dentro do bolsonarismo, criticando indiretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro por sua aproximação com o Centrão. O motivo da discordância foi o apoio do Partido Liberal (PL) à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados, com o aval de Bolsonaro e do PT de Lula, um cenário que acirrou o descontentamento entre membros da direita.
Na última terça-feira (5), Nikolas Ferreira, subindo à tribuna, fez um discurso inflamado em que afirmou que a direita está “perdendo a essência” ao se envolver em acordos que, segundo ele, desvirtuam o objetivo inicial do movimento conservador. Em um recado ao próprio bolsonarismo, ele declarou que "coalizões" com rivais ideológicos minam a confiança dos eleitores e a identidade política que a direita construiu.
Ricardo Salles, por sua vez, usou as redes sociais para alfinetar Bolsonaro. Em uma indireta, Salles exaltou a postura intransigente de Donald Trump, que, segundo ele, "não se curvou, não negociou, não cedeu, não retrocedeu". Embora não mencionasse Bolsonaro diretamente, ficou evidente que a referência ao ex-presidente dos EUA era um contraste à política de alianças de Bolsonaro, sugerindo que ele estaria enfraquecendo ao ceder em nome da conveniência política.
Em resposta, Bolsonaro, em entrevista a um canal bolsonarista no YouTube, revidou as críticas. Chamou de “intergaláticos” aqueles que, em sua visão, não entendem a necessidade de alianças e que idealizam uma política de pureza ideológica, distante da realidade do Congresso. “É fácil para os intergaláticos... é tudo: ‘ah, não fez isso, não fez aquilo, não voto mais’,” disparou, defendendo que alianças são uma necessidade no cenário político atual para manter a estabilidade.
O ex-presidente também recorreu a exemplos de realizações de seu governo, como a extração de lítio em Minas Gerais e o início das obras do metrô em Belo Horizonte, em uma tentativa de rebater as insinuações de que ele teria feito pouco pelo estado. Em um tom que sugeria irritação, Bolsonaro pediu paciência e compreensão aos seus aliados, afirmando que, embora o caminho seja árduo, a maioria entende a “luta contra o sistema”.
A troca de críticas expôs as divisões crescentes dentro da direita bolsonarista. Enquanto figuras como Salles e Nikolas defendem uma abordagem mais purista e combativa, Bolsonaro tenta equilibrar a manutenção de apoio parlamentar com a preservação de sua base conservadora. A questão agora é até que ponto essa “guerra fria” pode afetar a coesão do bolsonarismo em um momento em que o ex-presidente busca manter a influência no cenário político brasileiro.
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*Com informações Metrópoles
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