A crise no Partido dos Trabalhadores (PT) ficou escancarada durante o encontro realizado na quinta e sexta-feira (5 e 6 de dezembro) em Brasília, onde um dos temas centrais foi a derrota nas eleições legislativas deste ano. Com José Dirceu e outros grandes nomes da sigla na plateia, a preocupação com o avanço da direita, especialmente a extrema direita, e a adesão de jovens a essa ideologia foram o foco das discussões.
O cientista político André Singer, ex-secretário de imprensa e porta-voz de Lula, afirmou que, apesar do desempenho considerado abaixo das expectativas do PT nas urnas, o resultado não deve ser tratado como "catastrófico". No entanto, ele alertou para uma preocupação preocupante: o deslocamento dos setores da juventude para a direita, em especial para a extrema direita. “Houve uma mudança de setores da juventude, muitos jovens de extrema direita”, comentou Singer, enfatizando que os números das eleições revelaram uma tendência perigosa que precisa ser comprovada de perto.
O próprio PT, em seu discurso, tenta desqualificar essa ascensão da direita, usando o termo “extrema direita” para classificar seus adversários. Mas a realidade é inegável. O aumento do número de jovens apoiando ou sendo eleitos por partidos de direita gerou um alerta vermelho dentro da sigla. Singer declarou: “As pesquisas mostram uma associação crescente entre jovens e a extrema direita. Isso é um sinal amarelo aceso que precisamos prestar atenção.”
Os números confirmam o cenário preocupante. Dos 432.002 vereadores eleitos nas eleições municipais, o PT ficou em sétimo lugar, com 27.385 cadeiras, uma posição distante de partidos como MDB (40.828), PP (36.952) e PSD (35.876), que dominaram a eleição proporcional.
A prefeita de Juiz de Fora (MG), Margarida Salomão, tentou suavizar o impacto, destacando o fato de que o PT elegeu um número expressivo de jovens em várias cidades. Para ela, esse é um sinal de que ainda há espaço para renovação dentro do partido. Contudo, uma análise mais dura veio da vereadora reeleita pelo PT de São Paulo, Luna Zarattini, que não hesitou em classificar o crescimento da direita como “muito duro e difícil” para o PT. Ela percebeu que o partido não obteve os resultados esperados e apontou o fortalecimento da direita e da extrema direita como um momento delicado para a legenda.
A vereadora também se posicionou contra aqueles que declararam a morte do PT e da esquerda no Brasil. “Diziam que o PT foi derrotado, que a esquerda foi derrotada, mas eu, junto com muitos jovens, mostramos que estávamos errados”, defendeu Zarattini.
O debate dentro do PT ainda não foi consensual, e a preocupação com o avanço da direita, especialmente entre os jovens, continua a crescer. O partido, que já foi hegemônico nas últimas décadas, agora se vê diante de um cenário em que sua renovação e ligação com suas bases estão sendo questionadas, enquanto a direita, mais jovem e agressiva, ocupa um espaço crescente na política nacional.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e acesse nossas redes sociais.
*Com informações A Gazeta do Povo