Domingo, 31 de Agosto de 2025
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Feminicídios em Mato Grosso do Sul: um ciclo de impunidade e falhas no sistema de proteção

A cada quatro dias, uma mulher é morta pelo companheiro ou ex-companheiro. As autoridades estão falhando em impedir esse massacre

03/03/2025 às 18h00
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O início de 2025 tem sido marcado por uma tragédia inaceitável em Mato Grosso do Sul: a morte de uma mulher a cada quatro dias. Em apenas 26 dias, seis feminicídios ocorreram no estado, e a violência contra a mulher parece não ter fim. Esses assassinatos são mais que números; são vidas de mulheres brutalmente ceifadas por homens que alegavam amá-las.

Os casos registrados até 1º de março de 2025 – Karina Corim, Vanessa Ricarte, Juliana Domingues, Miriele dos Santos, Emiliana Mendes e Gisele Cristina Oliskowski – revelam um padrão aterrador: em cada uma dessas mortes, os agressores eram, na maioria, ex-companheiros que não aceitavam o fim do relacionamento ou reagiam com extrema violência. Mas a questão não está apenas nos autores desses crimes, mas na falência do sistema de proteção.

O caso de Vanessa Ricarte, jornalista assassinada em Campo Grande, levanta sérias dúvidas sobre a efetividade das instituições responsáveis pela segurança das mulheres. Vanessa, antes de ser fatalmente esfaqueada pelo ex-companheiro, havia procurado ajuda da Polícia e registrado boletim de ocorrência. No entanto, horas depois, sem proteção efetiva, foi morta. A morte de Vanessa revelou o despreparo e a negligência das autoridades, que claramente falharam ao não tomar medidas mais rígidas para evitar essa tragédia.

Em Caarapó, a história de Karina Corim e sua amiga Aline Rodrigues é outra face da violência sem controle. Karina foi executada com um tiro na cabeça, mas Aline, que também estava no local, morreu sem que o caso fosse tratado da mesma forma. A morte de Karina, no entanto, foi considerada feminicídio, como se a vida de Aline fosse menos valiosa.

Os números não mentem: uma mulher é morta a cada 4 dias e 8 horas, em média, no estado. Esses homicídios não são frutos de um acaso, mas do desamparo de um sistema judicial que falha em proteger as mulheres. Mesmo com ferramentas como a Casa da Mulher Brasileira e o programa Promuse, que se apresentam como soluções, as mulheres continuam sendo assassinadas em um ciclo interminável de violência.

O que mais é necessário para que as autoridades ajam de forma mais eficaz? Quantas mortes ainda serão necessárias para que a realidade da violência de gênero em Mato Grosso do Sul seja finalmente enfrentada com seriedade? O tempo está se esgotando, e o estado precisa urgentemente de uma reforma no tratamento e na resposta a esses crimes.

Agora, mais do que nunca, é preciso refletir: quem vai proteger as mulheres, quando o próprio sistema as falha de maneira tão grotesca?

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*Com informações Midiamax

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