Segunda, 01 de Setembro de 2025
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Feminicídio de Vanessa Ricarte: Relatório aponta falhas e omissões no atendimento à jornalista

Guarda Civil Metropolitana nega solicitação de acompanhamento; Polícia Civil isenta delegadas de responsabilidade; Vítima sofreu cárcere privado e manipulação antes do crime

24/03/2025 às 10h33
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O assassinato da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, por seu ex-noivo, Caio Nascimento, expôs uma série de falhas e omissões no atendimento à vítima. Relatórios da Polícia Civil e da Guarda Civil Metropolitana revelam contradições e negligências que podem ter contribuído para o trágico desfecho.

Vanessa procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) na madrugada do dia 12 de fevereiro para registrar um boletim de ocorrência e solicitar medida protetiva contra Caio. Na tarde do mesmo dia, a jornalista retornou à delegacia para buscar a medida, e um relatório da Polícia Civil aponta que a Guarda Civil Metropolitana foi acionada para acompanhá-la até sua residência, onde ela pretendia retirar seus pertences pessoais. No entanto, a Guarda nega ter recebido qualquer solicitação nesse sentido.

A medida protetiva foi concedida a Vanessa pela Justiça pouco depois das 11 horas da manhã do dia 12 de fevereiro, mas Caio não foi notificado a tempo. O relatório final da Corregedoria da Polícia Civil concluiu que as delegadas da Deam seguiram todos os protocolos e fluxogramas da Lei Maria da Penha e da Cartilha das Diretrizes da Casa da Mulher Brasileira, isentando-as de responsabilidade. A falha, segundo o relatório, teria sido a demora na notificação de Caio pela Justiça.

Relatório da Deam revela ciclo de violência e manipulação

O relatório final da Deam detalha o ciclo de violência e manipulação ao qual Vanessa foi submetida por Caio. A jornalista era controlada e monitorada pelo ex-noivo, que a isolou de amigos e familiares. Caio chegou a responder às mensagens de Vanessa para seus amigos e a obrigou a comprar cocaína com seu próprio dinheiro.

A mãe de Vanessa relatou à polícia a dependência emocional da filha em relação a Caio e o comportamento controlador do ex-noivo. A jornalista chegou a ser mantida em cárcere privado por cinco dias antes de ser assassinada.

Medidas para evitar novos casos

Após o caso Vanessa, o governo estadual determinou uma revisão de cerca de 6 mil boletins de ocorrência da Deam e criou um grupo técnico para analisar os casos. Além disso, foi firmado um convênio para que policiais civis e militares façam a intimação de agressores de mulheres em casos de medidas protetivas, visando dar celeridade ao processo.

O acordo, com duração de cinco anos, prevê ainda o monitoramento de resultados, definição de metas, capacitação de policiais e destinação de recursos para a execução das medidas protetivas. Quatro escrivães e uma delegada foram designados para a Deam para reforçar o atendimento.

Feminicídio choca o estado

Vanessa Ricarte foi esfaqueada três vezes por Caio Nascimento em sua residência, após retornar da Deam com a medida protetiva. O caso chocou o estado e gerou comoção nas redes sociais. Áudios gravados por Vanessa horas antes de sua morte revelaram o descaso e os erros no atendimento que ela recebeu ao procurar ajuda na Casa da Mulher Brasileira.

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*Com informações Midiamax

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