Mato Grosso do Sul vive uma onda alarmante de violência contra mulheres, com três tentativas de feminicídio em apenas 10 dias de abril. Entre os casos, um padrão cruel: ataques cometidos por ex-companheiros, muitas vezes na presença de familiares das vítimas. Este cenário reflete a urgência de ações mais efetivas para prevenir a reincidência de agressões, mesmo quando medidas protetivas estão em vigor.
Ataques em sequência: um retrato da brutalidade
No início do mês, em Campo Grande, uma mulher de 40 anos foi brutalmente esfaqueada seis vezes pelo ex-namorado. O ataque, presenciado pela neta da vítima, resultou em ferimentos graves, incluindo um golpe nas partes íntimas. Apesar de ser preso, o agressor foi solto com tornozeleira eletrônica, provocando pânico na vítima. Após a pressão pública e atuação do Ministério Público, ele foi detido novamente.
Dias depois, em São Gabriel do Oeste, uma professora sofreu um ataque semelhante, desta vez na frente de seu filho de 9 anos. As facadas, que perfuraram seu pulmão e útero, exigiram sua transferência para a Santa Casa de Campo Grande. O agressor, conhecido por ter passagens policiais, segue foragido.
O caso mais recente ocorreu em Coxim, onde uma jovem de 20 anos foi surpreendida pelo ex-companheiro dentro de casa. Mesmo possuindo uma medida protetiva contra ele, a vítima sofreu múltiplos golpes de faca antes de conseguir fugir e buscar ajuda.
Feminicídios alarmam o estado
Os números são preocupantes: desde janeiro, sete mulheres foram mortas em crimes de feminicídio. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública revelou que, até março, uma mulher era assassinada a cada sete dias no estado. Apesar de um intervalo de 19 dias sem novos registros em abril, os dados reforçam o impacto devastador da violência de gênero em Mato Grosso do Sul.
Rede de apoio precisa ser fortalecida
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira tem se consolidado como um importante ponto de apoio às vítimas, oferecendo atendimento 24 horas e serviços integrados, como abrigo emergencial, suporte psicológico e jurídico, além da Patrulha Maria da Penha. No entanto, especialistas destacam a necessidade de políticas preventivas mais eficazes e maior agilidade no cumprimento de medidas protetivas.
Enquanto isso, cada novo caso de violência exige uma reflexão profunda sobre os desafios enfrentados por mulheres em situação de vulnerabilidade e a responsabilidade coletiva de combater a cultura de violência que as coloca em risco constante.
