Quarta, 12 de Novembro de 2025

Ex-presidente do BNDES alerta sobre financiamento do gasoduto de Lula

Petista quer pagar obra de gasoduto com dinheiro dos brasileiros

27/01/2023 às 06h13 Atualizada em 27/01/2023 às 10h58
Por:
Compartilhe:
Maria Silvia:
Maria Silvia: "Venezuela e Cuba deram calote em bancos brasileiros"

A ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), economista Maria Silvia Bastos Marques, disse que o Brasil já “pagou um alto preço para financiar obras em países vizinhos”, por falta de critérios que envolvem garantias e formas de pagamento.

O posicionamento da economista veio depois de o presidente Lula anunciar o financiamento de um gasoduto na Argentina. A obra será custeada com o dinheiro dos pagadores de impostos do Brasil, por meio do BNDES.

“Se vamos fazer, que seja feito de outra forma”, disse Maria Silvia, em entrevista ao jornal Valor Econômico, na terça-feira 24. ”

Maria Silvia tem dúvidas sobre o eventual uso do Fundo de Garantia à Exportação (FGE). A ex-BNDES lembra que, quando já não comandava o banco, o FGE estava sem recursos e precisou de aportes da União para cobrir calotes que países como Venezuela e Cuba deram em bancos brasileiros.

“O BNDES foi ressarcido com dinheiro do contribuinte, porque fez um empréstimo e não tinha garantia, sendo que a grande justificativa para o empréstimo ter sido feito era ter garantia, então, é um círculo vicioso”, observou Maria Silvia.

No Orçamento de 2023, o FGE vai ter quase R$ 5 bilhões à disposição. Para tentar resolver o problema de falta de liquidez em reais para importadores argentinos, o governo Lula anunciou uma linha de crédito para financiamento de comércio exterior, que seria garantida pelo FGE.

Além de uma garantia certa, é importante definir qual será a fonte de recursos para o BNDES, para voltar a realizar essas operações com países estrangeiros, ponderou Maria Silvia.

“A grande questão no Brasil hoje é o fiscal, é ao redor do que gira toda a incerteza, a preocupação dos agentes econômicos, a volatilidade dos juros”, afirmou.

“Estamos falando de uma nova gestão que quer colocar como prioridade a inclusão dos pobres no Orçamento, mas o Orçamento é finito”, lembrou a ex-BNDES.

“Quais são as nossas prioridades? Emprestar para países vizinhos ou elevar a renda média nacional, aumentar nossa produtividade, incluir pessoas no mercado de trabalho?”

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários