A política brasileira ganhou um novo ingrediente explosivo nesta semana com a declaração enfática do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Pela primeira vez desde o início de seu novo ciclo eleitoral, Trump atendeu aos apelos da oposição brasileira e usou sua própria rede social, a Truth, para pedir que as autoridades do Brasil "deixem Bolsonaro em paz".
“Estarei assistindo à caça às bruxas de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil — chama-se eleição”, escreveu o republicano, em um tom direto que empareda o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal.
A fala vem num momento em que Bolsonaro enfrenta julgamento no STF por tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. Dos 34 denunciados pela PGR, 31 já se tornaram réus no processo. Ainda assim, Trump afirma que Bolsonaro "não é culpado de nada" e que a perseguição ao ex-presidente seria política.
Mas Trump não parou por aí. Um dia antes da manifestação pró-Bolsonaro, ele já havia desferido ataques ao bloco do Brics, que realizava sua cúpula no Rio de Janeiro. Segundo ele, países alinhados com o grupo — que inclui China, Rússia, Índia, África do Sul e o Brasil de Lula — podem ser alvos de tarifas de até 10% por adotarem, segundo o republicano, “políticas antiamericanas”.
Nos bastidores, o movimento tem articulação direta de Eduardo Bolsonaro, que desde sua suspensão do mandato parlamentar tem mantido pontes com políticos de direita nos Estados Unidos, pressionando por sanções contra figuras como o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso Bolsonaro no STF. A fala de Trump é considerada, por aliados, o primeiro passo visível de um alinhamento mais agressivo do Partido Republicano com a oposição brasileira.
Logo após a declaração, Eduardo foi às redes sociais para avisar que a fala de Trump “não será a única novidade vinda dos EUA neste próximo tempo”, sugerindo mais movimentações internacionais a favor do pai.
A resposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva veio em tom firme. Sem mencionar Trump diretamente, Lula afirmou que “o Brasil não aceita interferência ou tutela de quem quer que seja”, e reiterou que a defesa da democracia é responsabilidade dos brasileiros. “Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”, declarou durante coletiva da cúpula do Brics.
O embate verbal entre os dois líderes evidencia o crescente embate ideológico entre os polos políticos do Brasil e dos Estados Unidos, e inaugura um novo capítulo na tensão geopolítica que deve se intensificar até as eleições de 2026. Com o apoio público de Trump, Bolsonaro ganha fôlego internacional — mas também amplia o conflito entre bolsonarismo e as instituições brasileiras.
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*Com informações Metrópoles