Rituais de fé transformados em cenário de dor e humilhação. Foi o que duas mulheres relataram à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) nesta terça-feira (22), ao denunciarem o líder de um centro de candomblé em Campo Grande por práticas que beiram a tortura física e psicológica.
Segundo as vítimas, em um ritual ocorrido no dia 16 deste mês, o pai de santo teria imposto uma série de punições cruéis às filhas de santo que participavam da cerimônia. Elas afirmaram que foram obrigadas a permanecer de pé por horas, consumir álcool à força e, por fim, tiveram pólvora colocada nas mãos, que foi acesa com um charuto, causando queimaduras.
Sem direito a socorro imediato, as mulheres relataram que foram proibidas de lavar as mãos e ameaçadas caso desobedecessem. A violência foi ainda mais grave para duas delas, entre elas a própria esposa do pai de santo, que foram forçadas a ficar de joelhos por uma hora segurando velas acesas como forma de punição.
Durante o ritual, o líder espiritual teria proibido qualquer manifestação espiritual, afirmando que quem incorporasse seria “corrigido com cabeçadas até abrir a cabeça”. Uma das denunciantes relatou ter pedido para sair do local por sentir forte dor de cabeça, mas foi impedida.
Outra vítima, de 21 anos, afirmou frequentar o local há quase dois anos e contou que sofreu humilhações constantes, inclusive relacionadas ao seu corpo. Segundo ela, o pai de santo a insultava, enviando vídeos mandando que ela “procurasse uma academia”. Em um dos episódios, foi forçada a beber cachaça com pimenta até vomitar.
A Deam já instaurou investigação e trata o caso como possível prática de tortura, violência psicológica e lesão corporal. As mulheres devem passar por exames periciais, e o centro religioso poderá ser alvo de fiscalização. Até o momento, o nome do acusado segue sob sigilo, mas o caso deve ganhar novos desdobramentos nos próximos dias.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias.