Quinta, 16 de Outubro de 2025

Calor extremo vai piorar: 57 dias extras por ano mesmo com o Acordo de Paris

Ondas de calor matam meio milhão de pessoas ao ano e devem piorar mesmo com metas atuais do Acordo de Paris, reforçando a urgência de cortes mais profundos de emissões

16/10/2025 às 12h19
Por: Tatiana Lemes
Compartilhe:
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O calor extremo, forma de clima mais mortal e muitas vezes ofuscada por tempestades e enchentes, já provoca meio milhão de mortes anuais em todo o mundo. E, segundo um relatório conjunto da Atribuição Climática Global (WWA) e da organização americana Climate Central, mesmo o cumprimento das metas atuais do Acordo de Paris pode gerar 57 dias extras de calor extremo por ano até o fim do século.

O estudo destaca que pequenas elevações de temperatura têm impactos severos sobre humanos, animais e ecossistemas. Entre os mais afetados estão idosos, pessoas em situação de vulnerabilidade social e trabalhadores expostos a altas temperaturas.

“Atualmente, o aquecimento global já chegou a cerca de 1,4 °C acima dos níveis pré-industriais. Mesmo cumprindo as metas de redução de emissões, caminhamos para 2,6 °C até 2100, com efeitos dramáticos sobre o calor extremo”, alertou a climatologista Friederike Otto, da WWA. Sem o Acordo de Paris, o cenário seria ainda mais alarmante: 4 °C de aquecimento e 114 dias extras de calor por ano, praticamente o dobro do previsto no cenário atual.

O relatório ainda evidencia que eventos de calor intenso, como as ondas na Europa em 2023 e no sul dos EUA e México em 2024, se tornaram dezenas de vezes mais prováveis. Na Europa, essas ondas de calor causaram cerca de 47 mil mortes, enquanto nos EUA e México, o calor agravou secas e crises agrícolas.

Para ecossistemas críticos, como a Floresta Amazônica, cada fração de grau extra representa um risco elevado. Em 2023, uma onda de calor prolongada agravou severamente a seca na região, tornando períodos de seis meses de calor extremo dez vezes mais prováveis. O impacto se reflete também em crianças afastadas da escola e em escassez de água e alimentos.

Apesar do cenário crítico, medidas de adaptação ainda são insuficientes. Apenas metade dos países possui sistemas de alerta precoce para calor, e apenas 47 nações têm planos nacionais de ação contra ondas de calor. “As pessoas não precisam morrer de calor. Existem medidas relativamente simples que podem salvar vidas, mas o financiamento continua criticamente insuficiente”, afirmou Otto.

Entre as soluções apontadas pelo relatório estão o fortalecimento de sistemas de água, energia e saúde, aumento de áreas verdes urbanas para reduzir a temperatura, e proteções trabalhistas para trabalhadores expostos.

O relatório conclui que o Acordo de Paris, apesar de reduzir riscos extremos, não é suficiente. O mundo precisa de cortes mais profundos e imediatos nas emissões de combustíveis fósseis, antes que os impactos do calor extremo se tornem irreversíveis.

Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias. 

*Com informações Metrópoles

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários