Equipes do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), cumpriram 22 mandados de busca e apreensão e suspenderam, no dia 7, funções de vereadores de Maracaju (MS), envolvidos em um suposto esquema de corrupção da prefeitura do município, entre os anos de 2019 e 2020.
As investigações iniciadas em 2021 apuram o desvio de mais de R$ 23 milhões através de um esquema criminoso que utilizava contas clandestinas, abertas em nome da prefeitura, sem conhecimento dos órgãos de controle.
Na terceira fase da Operação Dark Money, nomeada como "Mensalinho", foi deferida a suspensão do mandato de 8 dos 11 vereadores investigados, que ainda estão em exercício no município de Maracaju.
Além disso, também foram determinadas medidas de sequestro e indisponibilidade dos bens dos investigados.
Os valores recebidos por cada vereador variavam, até mesmo de acordo com a influência e participação de cada um na gestão. Em apenas um ano, os pagamentos identificados aos vereadores chegam a R$1.374.000,00.
A ação conta com mais de 100 policiais civis e é deflagrada em data próxima ao Dia Internacional de Combate à Corrupção, celebrado nesta sexta-feira (9).
Propinas
As propinas eram pagas por ordem do, então, prefeito, Maurilio Ferreira Azambuja – preso na primeira fase da operação, em 2021 – com a anuência de outros servidores e integrantes da gestão municipal, e tinham como objetivo afrouxar a fiscalização das contas da prefeitura pela Câmara, além de aprovar projetos, leis que eram de interesse da Prefeitura.
Ainda segundo a Polícia Civil, a intenção do pagamento de propina aos vereadores tinha por objetivo impedir o funcionamento adequado da fiscalização por parte das autoridades, permitindo o desvio de verbas e se aproveitando da função dos parlamentares.
O esquema se assemelha ao conhecido caso “Mensalão”, que era operado em nível federal em tempos passados. No âmbito municipal, durante o período investigado, foi identificado que 11, dos 13 vereadores que integravam a Câmara Municipal, na época, teriam recebido pagamentos indevidos.
De acordo com a delegada Ana Cláudia Medina, do Dracco, os pagamentos eram feitos ora por meio de cheques, recebidos diretamente pelos parlamentares, ou por “laranjas” indicados por eles, ou mesmo em espécie, estratégia que era utilizada para dificultar a fiscalização e o rastro do dinheiro.
Procurado pela reportagem, o prefeito do município de Maracaju, José Marcos Calderan, disse estar acompanhando a operação.
“Estou em Bonito, no encontro de prefeitos, promovido pela Assomasul. Estou acompanhando por meio das notícias, mas sei que é continuação da operação do ano passado. Minha preocupação agora é com a votação do orçamento do ano que vem, que está previsto para a semana que vem, mas o jeito é aguardar. Os suplentes devem ser nomeados”.