
Um estudo recente realizado pelo Instituto Datafolha aponta que dois em cada três brasileiros são contrários ao Projeto de Lei 1904/2024, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL/RJ). A pesquisa revela que o projeto, que propõe a equiparação da pena de mulheres que realizarem aborto após a 22ª semana de gestação em casos de estupro à reclusão por homicídio simples, é amplamente rejeitado.
Segundo o levantamento, 66% dos entrevistados se posicionaram contra a proposta, enquanto 29% são favoráveis, 2% se declararam indiferentes e 4% não souberam responder. Entre os grupos religiosos, a rejeição também é significativa: 57% dos evangélicos e 68% dos católicos são contrários ao projeto.
A pesquisa também mostra que 56% dos entrevistados conhecem o PL 1904/2024, mas apenas 24% se consideram bem informados sobre o tema. Atualmente, o aborto no Brasil é permitido em casos de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal, com o último autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012, sem limite de idade gestacional para o procedimento.
Em 12 de junho, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aprovou em votação-relâmpago o regime de urgência do projeto, em um movimento direcionado à bancada evangélica.
O estudo Datafolha também aponta diferenças de opinião por gênero. Entre as mulheres, 69% são contrárias ao projeto, comparado a 62% dos homens. O apoio ao PL é maior entre os homens (34%) do que entre as mulheres (25%).
A pesquisa, que ouviu 2.021 pessoas em 115 municípios do Brasil entre 17 e 19 de junho, tem uma margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.
Outros dados do Datafolha de março indicam uma mudança na percepção sobre a criminalização do aborto: 52% dos brasileiros acreditam que mulheres que realizam abortos devem ser presas, uma queda em relação aos 58% de 2018. Ao mesmo tempo, 38% defendem a proibição completa do procedimento, 34% querem manter a legislação atual e 24% acreditam que o acesso ao aborto deve ser ampliado.
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*Com informações Correio Braziliense