Terça, 17 de Setembro de 2024
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Diocese de São Miguel Paulista acusada de usar materiais religiosos para apoiar Guilherme Boulos

Boletins paroquiais e publicações de membros do clero promovem candidatura de Boulos à Prefeitura de São Paulo, levantando questões sobre o uso político de instituições religiosas

09/08/2024 às 10h22
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Materiais oficiais da Diocese de São Miguel Paulista têm sido utilizados para promover a pré-candidatura de Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo, de acordo com denúncia recebida por O Antagonista. Imagens de um boletim paroquial e publicações nas redes sociais de membros do clero revelam um envolvimento direto em campanhas políticas.

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O boletim do Conselho Paroquial de Pastoral de Itaquera, datado de 24 de julho de 2024, faz um apelo explícito para “derrotar a extrema direita nessas eleições”, promovendo a candidatura de Boulos. A postagem foi compartilhada pelo Padre Paulo Sérgio Bezerra no Facebook, onde também expressou apoio incondicional ao pré-candidato, elogiando sua “brilhante inteligência” e seu compromisso com os “mais sofridos”.

O conteúdo do boletim não se limita à crítica política; ele também aborda temas de maneira polarizadora, com referências a ideologias de extrema-esquerda e termos como “imperialismo da OTAN” e “sionismo genocida de Israel”. Além disso, critica o governo de Jair Bolsonaro, atribuindo-lhe responsabilidades pela morte de “800 mil brasileiros” durante a pandemia de Covid-19.

Essa situação é particularmente controversa para o Padre Bezerra, que já enfrentou críticas no passado. Em 2017, ele foi acusado de viés político após a distribuição de um panfleto que criticava o governo de Michel Temer e as reformas trabalhistas e previdenciárias.

A postura política de Bezerra contrasta com a orientação oficial da Igreja Católica, que preconiza neutralidade e evita alinhamento com ideologias. O Papa Francisco tem repetidamente condenado o uso de ideologias pela Igreja, afirmando que estas são prejudiciais e que a missão da Igreja deve ser focada na promoção da paz e da justiça, sem se prender a linhas ideológicas.

Até o momento, a Diocese de São Miguel Paulista não se pronunciou sobre as acusações. O caso destaca as tensões entre religião e política, evidenciando desafios na manutenção da separação entre instituições religiosas e envolvimento em campanhas eleitorais.

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