Quinta, 11 de Setembro de 2025

Deflação de 0,02% em agosto oferece alívio temporário, mas aumenta pressão por alta dos juros

Enquanto o IPCA de agosto apresenta uma leve deflação, especialistas alertam que o cenário econômico ainda exige atenção com uma possível alta na Selic

10/09/2024 às 12h30
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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A deflação de 0,02% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto trouxe um alívio momentâneo para a economia brasileira, mas não apagou as expectativas crescentes por uma alta nos juros. Apesar de alguns setores se beneficiando com o resultado, como habitação e alimentos, o impacto geral pode ser insuficiente para evitar uma decisão de elevação na taxa Selic pelo Banco Central.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, observa que, mesmo com a deflação, "os números muito bons podem não ser suficientes para consolidar a visão de manutenção da Selic na próxima reunião." A deflação foi impulsionada por quedas significativas em habitação (-0,51%) e alimentos e bebidas (-0,44%), mas é vista como temporária.

Flávio Riberi, professor da FIPECAFI, adverte que “o efeito da deflação é passageiro, já que a bandeira vermelha nas contas de energia a partir de setembro deve reverter a tendência.” A volta às aulas também elevou o índice no setor de educação, que subiu 0,73%, enquanto a estabilidade no transporte foi beneficiada pela queda de 4,93% nas passagens aéreas e pelo fim do reajuste dos combustíveis.

O economista Igor Cadillac, do PicPay, destaca que a estabilidade no setor de transportes e o crescimento em setores como educação e saúde não são suficientes para mudar a perspectiva. “A inflação de serviços continua elevada e acima da meta, o que pode justificar uma elevação gradual da Selic,” afirma André Fernandes, economista da A7 Capital.

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, aponta que embora a desaceleração em grupos importantes como serviços possa permitir uma postura mais cautelosa, a inflação de serviços e a pressão do mercado de trabalho permanecem preocupantes. Sung prevê que a Selic será de 11,25% até o fim do ano, enquanto Marcos Moreira, da WMS Capital, antecipa uma alta moderada de 0,25% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Enquanto o Banco Central Europeu e o Fed preparam cortes nas taxas de juros, o Brasil pode seguir uma direção oposta, com o aumento gradual da Selic para controlar a inflação e responder a pressões internas.

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