
Na última terça-feira (17), uma sessão da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi marcada por um desentendimento entre os ministros Gurgel de Faria e Regina Helena Costa, que culminou na saída abrupta de Gurgel. O conflito surgiu quando a ministra Regina anunciou sua intenção de ler o voto de um recurso que estava sob sua relatoria, mesmo após o presidente da turma, ministro Paulo Sérgio Domingues, solicitar mais tempo para analisar o caso.
Gurgel expressou descontentamento, questionando: "Senhor presidente, mas vai ler o voto? Ele [Paulo Sérgio] está pedindo vista." Em resposta, Regina insistiu na importância de expor seu ponto de vista, afirmando que a questão em discussão não era trivial. "Não entendi essa reação. Gostaria de ler meu voto", defendeu-se, lembrando que era a única mulher na turma.
Após a insistência de Regina, Gurgel decidiu abandonar a sessão, gerando reações contundentes no meio jurídico e nas redes sociais. O episódio foi amplamente interpretado como um exemplo de "manterrupting", um termo que se refere à interrupção de mulheres por homens durante discussões. O Movimento Nacional pela Paridade no Judiciário manifestou apoio à ministra, destacando a necessidade de garantir que as vozes femininas sejam ouvidas sem interrupções.
Em nota divulgada por seu gabinete, Gurgel lamentou o ocorrido, afirmando ter pedido desculpas pessoalmente à ministra e reafirmando seu respeito e admiração por Regina, com quem, segundo ele, construiu uma relação amistosa ao longo de mais de dez anos de trabalho no STJ. Contudo, a situação ressalta a urgência de discutir a igualdade de gênero nas instâncias superiores do Judiciário, especialmente diante de atitudes que podem silenciar as vozes femininas.
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*Com informaçoes Correio Braziliense