Sexta, 22 de Novembro de 2024
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Paulo Gonet: Censura disfarçada de proteção? A PGR e a vigilância digital nas eleições

Investigação da PGR sobre postagens no X provoca debate sobre censura e abuso de autoridade nas eleições

25/09/2024 às 09h02
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, está sob fogo cruzado após sua decisão de solicitar autorização para que a Polícia Federal investigue usuários que burlaram a ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao utilizar a plataforma X no Brasil. Gonet enfatizou que a apuração deve se concentrar em postagens feitas "para fins de insistência em discurso de ódio" e "divulgação de maliciosas inverdades". No entanto, sua abordagem levanta sérias questões sobre os limites da liberdade de expressão, especialmente em um período eleitoral delicado.

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Em seu pedido, Gonet expressou preocupação com as eleições municipais, alegando que a utilização da plataforma banida constitui "um explícito acinte à autoridade da deliberação do STF". Ele defende que postagens com conteúdo "repulsivo" à liberdade de expressão e à dignidade das pessoas não devem ser toleradas. Contudo, essa postura parece mais uma tentativa de silenciar vozes divergentes do que um verdadeiro compromisso com a verdade e a integridade das eleições.

A proposta de Gonet de que a Polícia Federal monitorize e notifique usuários que desrespeitaram a ordem de bloqueio parece ser um passo perigoso. Ao permitir que a PF elabore uma lista de usuários que acessaram o X, a PGR pode estar criando um precedente preocupante de vigilância e censura. A abordagem de multar usuários que utilizam “subterfúgios tecnológicos” para contornar o bloqueio não só ameaça a liberdade de expressão, mas também pode ser vista como uma forma de controle governamental sobre a comunicação digital.

Além disso, ao direcionar o foco da investigação para figuras públicas e políticos, Gonet pode estar se aventurando em um território arriscado, onde a linha entre a proteção da sociedade e a repressão de opiniões se torna cada vez mais tênue. A atuação da PGR deve ser baseada em princípios de justiça e imparcialidade, não em medidas que possam ser interpretadas como perseguição política.

A ordem de Moraes, que estipulou uma multa diária de R$ 50 mil para aqueles que burlarem o bloqueio, já revela a gravidade da situação. No entanto, a abordagem do procurador-geral parece excessiva e propensa a causar mais divisões em uma sociedade já polarizada. A preocupação com a desinformação é válida, mas as soluções devem ser pensadas com cautela e respeito à liberdade de expressão.

Em um momento em que a democracia brasileira enfrenta desafios significativos, é crucial que as instituições mantenham um equilíbrio saudável entre a segurança e a liberdade. A postura da PGR deve ser reavaliada para que o compromisso com a verdade não venha à custa da repressão. O papel da Procuradoria-Geral da República não deve ser o de silenciar a discordância, mas sim de promover um debate saudável, essencial para a vitalidade da democracia.

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*Com informações O Globo

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