A inclusão do padre José Eduardo de Oliveira e Silva na lista dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022 reacende tensões políticas e religiosas no Brasil. O líder católico conservador, reconhecido por suas posições morais e críticas nas redes sociais, é acusado de integrar o núcleo jurídico do suposto esquema para manter Jair Bolsonaro no poder.
José Eduardo, padre há 18 anos e doutor em Teologia Moral, negou qualquer envolvimento em atos golpistas. Em fevereiro, quando foi alvo da operação Tempus Veritatis, declarou que sempre defendeu o respeito à Constituição.
"Abaixo de Deus, em nosso país, está a Constituição Federal. Não cooperei nem endossei qualquer ato contra ela. Estou à disposição da Justiça", afirmou o padre, que teve computador, celular e passaporte apreendidos.
A defesa do padre, representada pelo advogado Miguel Vidigal, reagiu com indignação ao indiciamento e acusou a PF de violar garantias fundamentais ao acessar conversas sigilosas de orientação espiritual.
"Romperam o sigilo das direções espirituais, protegidas pela lei e tratados internacionais. A divulgação do nome do padre como indiciado é um abuso que compromete toda a investigação", declarou Vidigal, criticando a ausência de decisão judicial que justificasse tal medida.
O relatório final da PF, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 36 nomes, entre eles ex-ministros e altos membros do governo anterior, como Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Valdemar Costa Neto. Eles responderão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Bolsonaro, por sua vez, usou as redes sociais para criticar o indiciamento.
"Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar", escreveu o ex-presidente.
A investigação identificou a estruturação do grupo em seis núcleos:
José Eduardo, segundo a PF, seria parte do núcleo jurídico, que teria dado suporte teórico às ações golpistas.
A inclusão de um líder religioso entre os indiciados gera um impacto significativo. Enquanto setores da Igreja Católica conservadora defendem José Eduardo, críticos apontam o caso como exemplo da instrumentalização de figuras religiosas na política.
A defesa dos indiciados, incluindo advogados de ex-ministros e militares, criticou o relatório e pediu diligências adicionais para esclarecer os fatos, acusando a investigação de se basear em suposições.
O STF analisará o relatório e decidirá se encaminha o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR), que poderá oferecer denúncia ou arquivar as acusações.
O caso coloca em evidência os limites entre fé, política e justiça, em um momento em que o Brasil busca fortalecer a democracia e o Estado de Direito diante de sua crise institucional.
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*Com informações R7