O presidente Lula (PT) prepara-se para um encontro crucial com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nos próximos dias, visando selar ou não a sua entrada no governo. A reunião, que ganha contornos de urgência, é vista por auxiliares do presidente como a peça-chave para destravar a tão aguardada reforma ministerial.
Pacheco, que retornou de férias ontem, após deixar a presidência do Senado, encontra-se em um momento decisivo de sua carreira política. As articulações prévias à sua saída do comando da Casa Legislativa já indicavam a disposição de Lula em abrir espaço na Esplanada para o senador.
Apesar da agenda de Lula em Minas Gerais nesta terça-feira, com eventos nos setores automotivo e do aço, não há expectativa de um encontro imediato entre os dois. Pacheco permanece em Brasília, e aliados avaliam que um encontro público sem definição sobre a ida ao governo poderia gerar constrangimento.
A resolução da situação de Pacheco é considerada fundamental para destravar as pastas "menores" da reforma ministerial. O plano de Lula é que o senador assuma um ministério de destaque e se torne seu candidato em Minas Gerais nas eleições de 2026.
Pacheco, por sua vez, adota uma postura cautelosa. Próximo a ele, o ex-presidente do Senado afirma que ainda precisa ouvir a proposta de Lula, sem descartar a possibilidade de encerrar sua carreira política em 2026 e retomar a advocacia.
Lula, por outro lado, busca fortalecer o PT em Minas Gerais, onde o partido enfrenta dificuldades, e vê em Pacheco o nome ideal para construir uma "aliança ampla".
A reforma ministerial, que visa garantir maior governabilidade no Congresso, arrasta-se desde o final do ano passado. Diante do desgaste da imagem do governo, Lula tem sido cauteloso nas mudanças, buscando satisfazer o centrão e a base aliada.
A definição sobre Pacheco é considerada crucial para "tirar uma grande pedra do caminho", segundo aliados. Mesmo que o senador recuse um ministério, a resposta é vista como fundamental para destravar as demais articulações.
A pasta a ser oferecida a Pacheco precisa ser de destaque e compatível com seu perfil. Os ministérios da Justiça e da Indústria e Comércio são os mais cotados, embora seus atuais ocupantes, Ricardo Lewandowski e Geraldo Alckmin, respectivamente, sejam nomes de difícil substituição para Lula.
A possibilidade de Alckmin ceder espaço a Pacheco, mantendo apenas a vice-presidência, é considerada. Aliados de Lula destacam a lealdade do vice-presidente, que, apesar do interesse pelo MDIC, estaria disposto a entregar a pasta caso o presidente solicite.
A aliança entre Lula e Pacheco será negociada diretamente entre os dois, sem a mediação de Gilberto Kassab, presidente do PSD. No entanto, a eventual entrada de Pacheco no governo é vista como um ganho para o partido, que busca maior espaço na Esplanada.
Caso Pacheco recuse um ministério, outras alternativas são consideradas, como a transferência da ministra Luciana Santos (PCdoB) da Ciência e Tecnologia para a pasta das Mulheres, abrindo espaço para o PSD. A pasta da Pesca também pode entrar nas negociações com outros partidos do centrão.
Além da questão de Pacheco, outras mudanças ministeriais estão em discussão, com os ministros Paulo Teixeira (PT) e Márcio Macêdo (PT) sendo cogitados para deixar seus cargos.
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*Com informações UOL