Em uma declaração agressiva e sem rodeios, o pastor Silas Malafaia, aliado próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro, não poupou palavras ao criticar o presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), pela postura crítica ao projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. Malafaia chamou Pereira de "cretino" e afirmou que ele é uma "vergonha" para os evangélicos, em um ataque direto ao líder do partido conservador, que integra o Centrão e mantém uma ligação com a Igreja Universal.
Na manhã de quarta-feira (19), Malafaia se mostrou enfurecido com a oposição de Pereira à proposta de anistia, que beneficia mulheres, avós e donas de casa envolvidas nos eventos de 8 de Janeiro. O pastor questionou a postura do dirigente do Republicanos e o acusou de agir movido por interesses pessoais ligados aos cargos e ministérios que o partido ocupa, inclusive o Ministério de Portos e Aeroportos no governo Lula.
“Envergonha a Universal e os evangélicos. Tem que ser muito cretino para falar isso, é porque o partido tem ministérios e cargos. Você é uma vergonha, contra um projeto da anistia para mulheres, avós e dona de casa. A esquerda lutou pela anistia de guerrilheiros, sequestradores, ladrões de banco. A esquerda não tem caráter", disparou Malafaia, que não economizou nas palavras para condenar o posicionamento de Pereira.
A polêmica está longe de ser resolvida. O Republicanos, que figura no centro da política nacional, segue dividindo opiniões dentro do próprio campo evangélico. De um lado, o partido, ligado à Igreja Universal, se alinha com o governo Lula, mas, do outro, abriga figuras de peso do bolsonarismo, como o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e os senadores Hamilton Mourão e Damares Alves.
Malafaia não poupou nem mesmo seus aliados: "Governador Tarcísio, Damares, Mourão, Silas Câmara, ou saem ou se posicionem contra. Teus interesses políticos [de Marcos Pereira] vão contra os princípios da nossa fé. A Justiça de Deus vai te alcançar", afirmou em tom ameaçador.
Em defesa de sua postura, Marcos Pereira tem defendido que o debate sobre as eleições de 2026 não deve ser contaminado pela proposta de anistia, que, segundo ele, atrapalha a governabilidade e a atuação da Câmara e do Senado. Contudo, o projeto continua parado na Câmara, sem previsão de ser discutido.
O embate entre Malafaia e Pereira expõe a fragilidade das alianças políticas no campo evangélico e coloca em evidência os conflitos entre a base bolsonarista e os aliados do atual governo. A disputa por espaços no cenário político deve intensificar ainda mais as divisões internas nas próximas semanas.
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