A atuação de Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro ganhou novos contornos nesta semana, com a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitando, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente e sete de seus aliados. O processo transforma Bolsonaro em réu por crimes como golpe de Estado, organização criminosa e deterioração de patrimônio, marcando mais um capítulo na intensa cruzada do ministro contra o ex-mandatário.
Desde 2021, Moraes vinha levantando suspeitas sobre as ações de Bolsonaro e seus aliados, especialmente após os ataques às instituições democráticas e ao sistema eleitoral. Durante a sessão desta quarta-feira (26), o ministro exibiu vídeos da invasão ao Palácio do Planalto, Congresso e STF em 8 de janeiro de 2023, classificando os atos como “selvagens” e reiterando que Bolsonaro teria participado ativamente do chamado “plano liberticida”.
Ainda que Moraes tenha destacado que a análise do mérito das acusações seria feita futuramente, ele afirmou com convicção: “Não há dúvida de que Jair Messias Bolsonaro conhecia, manuseava e discutiu a minuta do golpe.” Essa declaração reflete o tom incisivo que o ministro vem adotando em sua condução do caso, alimentando a narrativa de que há uma perseguição direcionada contra o ex-presidente.
Bolsonaro, por sua vez, não se intimidou. Em uma aparição surpresa no plenário do STF, sentou-se na primeira fila, dividiu as atenções com os ministros e, nas redes sociais, desabafou: “No meu caso, o juiz apita contra antes mesmo do jogo começar… e ainda é o VAR, o bandeirinha, o técnico e o artilheiro do time adversário. Tudo numa pessoa só.” A fala é um claro ataque à posição central de Moraes no julgamento.
Os advogados do ex-presidente, liderados por Celso Vilardi, prometem uma defesa robusta, que incluirá a revisão das provas apresentadas e a busca de apoio em instâncias internacionais, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos. No entanto, aliados de Bolsonaro já admitem que a batalha jurídica será difícil e que a arena política também será fundamental. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, anunciou que pretende buscar apoio nos Estados Unidos para pressionar o STF.
Enquanto isso, apoiadores do ex-presidente criticam a postura de Moraes, que, além de relator do caso, é visto como um dos principais algozes de Bolsonaro. A relação entre os dois, marcada por embates públicos e decisões controversas, segue ditando os rumos de um processo que pode culminar em uma condenação histórica e penas que ultrapassem 40 anos de prisão.
O julgamento, ainda em seus estágios iniciais, promete meses de tensão e confrontos acirrados entre defesa e acusação. Para Bolsonaro, a luta não será apenas no campo jurídico, mas também na construção de uma narrativa que questione a imparcialidade de seu principal algoz, Alexandre de Moraes.
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*Com informações Veja