Domingo, 01 de Junho de 2025
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Vanessa Ricarte foi perseguida por 21 dias antes de feminicídio brutal, aponta relatório

Documento revela controle absoluto e manipulações do músico Caio César contra a jornalista; agressor está preso desde o crime

06/05/2025 às 08h19
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Um relatório do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) detalhou os 21 dias de perseguição e controle enfrentados pela jornalista Vanessa Ricarte antes de ser morta a facadas pelo músico Caio César do Nascimento Pereira, em 12 de fevereiro deste ano, em Campo Grande. O documento baseia-se em análises telemáticas dos aparelhos de Caio e da vítima e descreve um ciclo de violência, manipulação e monitoramento obsessivo.

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De acordo com o relatório, entre os dias 20 de janeiro e 10 de fevereiro, o agressor exigia que Vanessa compartilhasse sua localização e monitorava suas contas de e-mail, redes sociais e atividades profissionais. Ele também alterava senhas de acesso e utilizava aplicativos de localização para rastrear os passos da jornalista, restringindo sua liberdade e aumentando seu isolamento social.

Vanessa, servidora pública do Ministério Público do Trabalho (MPT-MS), recebia constantes mensagens abusivas enquanto trabalhava. Caio oscilava entre acusações, pedidos de desculpas e declarações de amor, mantendo a vítima presa em um ciclo de violência conhecido como manipulação psicológica.

Controle absoluto e humilhação pública
O relatório destaca que Caio chegou a expor imagens íntimas de Vanessa em um site pornográfico como forma de vingança. Além disso, a jornalista foi obrigada a prestar contas de sua rotina, evitando interações sociais e escondendo informações de amigos e familiares.

Caio nunca amou Vanessa. Ele a envolveu em manipulações constantes, isolando-a emocionalmente e socialmente”, diz o relatório.

Na madrugada do dia 12 de fevereiro, horas antes do crime, Vanessa havia registrado um boletim de ocorrência na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) relatando episódios de cárcere privado e violência. Apesar disso, a medida protetiva não foi emitida a tempo.

Ao retornar à casa para buscar seus pertences, acompanhada por um amigo, Vanessa encontrou Caio, que inicialmente demonstrou calma. Contudo, minutos depois, a atacou com três facadas no tórax. Ela foi levada em estado grave à Santa Casa de Campo Grande, onde morreu.

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Histórico de violência
Caio César, que acumulava 11 registros por violência doméstica desde 2020, havia agredido outras mulheres. Uma ex-companheira chegou a ser hospitalizada com queimaduras no rosto e braços. O relatório do Gaeco ainda aponta comportamentos similares em outros relacionamentos do agressor, reforçando o padrão de dominação e manipulação.

Rede de proteção às mulheres
O feminicídio de Vanessa ressalta a importância de fortalecer redes de apoio às mulheres vítimas de violência. Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira oferece atendimento especializado e integrado, disponível 24 horas. A instituição conta com serviços da Defensoria Pública, Ministério Público, Vara Judicial de Medidas Protetivas, e Patrulha Maria da Penha.

Se você ou alguém que conhece está em situação de violência, ligue para a Patrulha Maria da Penha pelo número 153. O atendimento é sigiloso e pode salvar vidas.

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*Com informações Midiamax

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