Um relatório do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) detalhou os 21 dias de perseguição e controle enfrentados pela jornalista Vanessa Ricarte antes de ser morta a facadas pelo músico Caio César do Nascimento Pereira, em 12 de fevereiro deste ano, em Campo Grande. O documento baseia-se em análises telemáticas dos aparelhos de Caio e da vítima e descreve um ciclo de violência, manipulação e monitoramento obsessivo.
De acordo com o relatório, entre os dias 20 de janeiro e 10 de fevereiro, o agressor exigia que Vanessa compartilhasse sua localização e monitorava suas contas de e-mail, redes sociais e atividades profissionais. Ele também alterava senhas de acesso e utilizava aplicativos de localização para rastrear os passos da jornalista, restringindo sua liberdade e aumentando seu isolamento social.
Vanessa, servidora pública do Ministério Público do Trabalho (MPT-MS), recebia constantes mensagens abusivas enquanto trabalhava. Caio oscilava entre acusações, pedidos de desculpas e declarações de amor, mantendo a vítima presa em um ciclo de violência conhecido como manipulação psicológica.
Controle absoluto e humilhação pública
O relatório destaca que Caio chegou a expor imagens íntimas de Vanessa em um site pornográfico como forma de vingança. Além disso, a jornalista foi obrigada a prestar contas de sua rotina, evitando interações sociais e escondendo informações de amigos e familiares.
“Caio nunca amou Vanessa. Ele a envolveu em manipulações constantes, isolando-a emocionalmente e socialmente”, diz o relatório.
Na madrugada do dia 12 de fevereiro, horas antes do crime, Vanessa havia registrado um boletim de ocorrência na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) relatando episódios de cárcere privado e violência. Apesar disso, a medida protetiva não foi emitida a tempo.
Ao retornar à casa para buscar seus pertences, acompanhada por um amigo, Vanessa encontrou Caio, que inicialmente demonstrou calma. Contudo, minutos depois, a atacou com três facadas no tórax. Ela foi levada em estado grave à Santa Casa de Campo Grande, onde morreu.
Histórico de violência
Caio César, que acumulava 11 registros por violência doméstica desde 2020, já havia agredido outras mulheres. Uma ex-companheira chegou a ser hospitalizada com queimaduras no rosto e braços. O relatório do Gaeco ainda aponta comportamentos similares em outros relacionamentos do agressor, reforçando o padrão de dominação e manipulação.
Rede de proteção às mulheres
O feminicídio de Vanessa ressalta a importância de fortalecer redes de apoio às mulheres vítimas de violência. Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira oferece atendimento especializado e integrado, disponível 24 horas. A instituição conta com serviços da Defensoria Pública, Ministério Público, Vara Judicial de Medidas Protetivas, e Patrulha Maria da Penha.
Se você ou alguém que conhece está em situação de violência, ligue para a Patrulha Maria da Penha pelo número 153. O atendimento é sigiloso e pode salvar vidas.
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*Com informações Midiamax