Em sua visita aos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, traçou uma meta ambiciosa: alcançar um crescimento econômico superior a 3% nos quatro anos de governo Lula. A promessa, no entanto, levanta sérias dúvidas sobre sua viabilidade e revela uma desconexão preocupante com a realidade econômica do país.
Enquanto economistas apontam que o PIB Potencial brasileiro — o crescimento sustentável sem gerar distorções como a inflação — está na casa dos 2%, Haddad parece ignorar os sinais claros de um cenário desafiador. Desde 2023, o crescimento da atividade econômica foi acompanhado por inflação acima de 4,5% e taxas de juros reais que lideram o ranking global, oscilando entre 7% e 9%.
Embora o governo celebre o crescimento do PIB, o custo dessa expansão é alarmante. A injeção de R$ 350 bilhões em gastos públicos, por meio de programas de transferência de renda e reajustes do salário mínimo, distorceu o equilíbrio fiscal e inflamou o consumo das famílias, gerando um efeito inflacionário perigoso. A política fiscal, apesar de cumprir metas primárias, tem recorrido a manobras contábeis e ao aumento da dívida pública, o que mina a sustentabilidade a longo prazo.
A situação dos investimentos, essenciais para o crescimento econômico robusto, também não justifica otimismo. Apesar de avanços pontuais em saneamento básico e energia elétrica, a taxa de investimento fechou 2024 em 17%, aquém dos 20% necessários para impulsionar a economia de forma consistente.
Haddad insiste em comemorar um crescimento que, segundo o próprio Banco Central, ultrapassa a capacidade do país. Esse otimismo ignora alertas claros de que a fórmula atual — crescimento puxado pelo consumo, inflação elevada e juros altos — está longe de ser motivo de celebração.
Além disso, é impossível desconsiderar que os avanços estruturais na economia, como reformas trabalhista e do saneamento, ocorreram em governos anteriores. O próprio PT foi contra essas mudanças e já sinalizou esforços para revertê-las, comprometendo conquistas importantes.
Com uma política econômica que aposta em curto prazo e ignora desafios estruturais, o discurso de Haddad soa mais como um devaneio do que como um plano realista. A combinação de inflação alta, juros recordes e crescimento anabolizado por gastos públicos desenfreados não deveria inspirar orgulho, mas sim reflexão e correção de rota.
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*Com informações CNN