Quarta, 17 de Dezembro de 2025

Governo de Lula tenta barrar investigação sobre fraudes no INSS e isolar oposição

Estratégia política visa esfriar a crise enquanto beneficiários aguardam soluções para o rombo previdenciário

07/05/2025 às 10h03
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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Em uma jogada estratégica, o governo federal tem se esforçado para isolar a oposição nas tentativas de instaurar comissões no Congresso para investigar as fraudes no INSS, adiando o processo e tentando desviar a atenção da crise que atinge os beneficiários do órgão. Enquanto isso, a pressão sobre o governo cresce, e a tentativa de solução para o rombo do INSS ainda parece distante.

A oposição, que planejava protocolar nesta terça-feira (6) o pedido para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), foi forçada a adiar a ação devido à instabilidade política e ao risco de parlamentares retirarem suas assinaturas de última hora. Líderes oposicionistas afirmam que precisam de um apoio mais robusto para garantir que o pedido seja lido durante a sessão conjunta do Congresso, marcada para o dia 28 deste mês. Até lá, a oposição terá que aguardar, enquanto a articulação governista segue em curso.

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem demonstrado resistência à criação da CPMI e está fora do país acompanhando o presidente Lula em uma comitiva para celebrações na Rússia. o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também não se compromete com a abertura de uma CPI e destacou que uma fila de solicitações aguardando análise. O governo, por sua vez, aposta no tempo para esfriar a pressão política, enquanto tenta resolver a crise no INSS.

O governo segue sem uma resposta concreta para o escândalo que envolve fraudes no INSS e o prejuízo a milhares de beneficiários. Na tentativa de resolver a crise, Lula se reuniu com ministros no Palácio da Alvorada por quase três horas, mas o encontro não resultou em nenhuma novidade. A falta de respostas imediatas está sendo vista com desconfiança não por aliados, mas também pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União, que exigem medidas urgentes para o ressarcimento dos valores aos prejudicados, além da origem dos recursos.

A crítica interna dentro do PT também é crescente. Parte dos governistas acredita que a forma como o escândalo foi tratado, com foco em uma investigação policial, foi um erro estratégico. A Controladoria-Geral da União (CGU) deveria ter sido mais proativa, anunciando a descoberta das fraudes para reforçar a imagem de combate à corrupção, antes de transferir o caso para a Polícia Federal. também uma pressão crescente para que o governo invista mais em pautas sociais de apelo popular, como a proposta que acaba com a escala de trabalho 6 por 1.

O impacto do escândalo nas bases do governo Lula é significativo, especialmente entre os idosos, um dos grupos mais fiéis à administração petista. No entanto, a pesquisa Genial/Quaest de março revela que, enquanto metade dos brasileiros com 60 anos ou mais aprovam o governo, entre os jovens a desaprovação chega a 64%. A crise no INSS tem afetado diretamente a imagem de Lula entre as faixas etárias mais novas, agravando o cenário político.

No Congresso, a instabilidade se reflete também no PDT, que, após a troca de ministros na Previdência, anunciou o rompimento com a base aliada do governo, embora não tenha se declarado oposição. A bancada do partido indicou que pode apoiar a criação de uma CPMI, desde que o escopo da investigação se amplie para incluir também o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Apesar dos desafios, aliados de Lula ainda tentam garantir a governabilidade para avançar com a reforma do Imposto de Renda. No entanto, até mesmo os líderes do Centrão, que tradicionalmente mantêm boa relação com o presidente, não oferecem garantias de apoio sólido para as eleições de 2026. A gestão petista, portanto, se cada vez mais pressionada a resolver a crise no INSS enquanto tenta consolidar sua base política.

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*Com informações CNN

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