
A crise fiscal e as tentativas do governo de aumentar a arrecadação colocaram o Planalto sob forte crítica nesta semana. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se posicionou de forma incisiva contra as recentes mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), defendendo que o Brasil precisa de uma gestão fiscal mais eficiente, não de maior carga tributária.
Motta usou as redes sociais para atacar a postura do Executivo, acusando-o de transferir ao Congresso a responsabilidade pelos problemas econômicos: “Quem gasta mais do que arrecada não é vítima, é autor”, disparou. Ele ainda reforçou que a solução para o país passa pelo corte de desperdícios, não pelo aumento de impostos.
O reajuste do IOF, anunciado pelo Ministério da Fazenda, gerou turbulência no mercado financeiro e uma onda de descontentamento. A proposta incluía aumento de tributos sobre investimentos em previdência privada (VGBL) e operações de crédito empresarial. A reação foi imediata: o Ibovespa caiu 0,44% e o dólar subiu 0,32%, atingindo R$ 5,66.
Diante da repercussão negativa, o governo recuou parcialmente, mantendo apenas parte das mudanças. No entanto, o episódio expôs a fragilidade política do Executivo, que enfrenta dificuldades em alinhar sua base aliada no Congresso.
Em uma entrevista ao jornal O Globo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a influência do Congresso na agenda econômica, descrevendo o atual modelo de governança como um “quase parlamentarismo”. Ele sugeriu que o Planalto encontra barreiras institucionais que dificultam a execução de medidas fiscais.
No entanto, a fala foi recebida com desconfiança. Parlamentares, como Hugo Motta, veem na declaração uma tentativa de desviar a atenção dos problemas administrativos do Executivo.
A crítica de Motta também reacende o debate sobre prioridades na gestão pública. A Câmara dos Deputados aprovou recentemente um projeto para aumentar o número de parlamentares de 513 para 531 a partir de 2027. A medida, embora ainda precise do aval do Senado, contraria a recomendação do Supremo Tribunal Federal (STF) de remanejar as bancadas estaduais sem ampliar o total de cadeiras.
Esse aumento, associado à incapacidade do governo de cortar gastos desnecessários, aprofunda a percepção de que falta responsabilidade fiscal na administração pública.
Com um Congresso cada vez mais crítico e mercados atentos, o governo enfrenta um cenário de crescente instabilidade. Sem articulação política efetiva e soluções para os problemas fiscais, o Planalto arrisca perder ainda mais credibilidade junto aos brasileiros.
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*Com informações Metrópoles