A base do governo Lula enfrenta uma crise que ameaça sua capacidade de aprovar medidas cruciais no Congresso. Nesta quarta-feira (11), os partidos PP e União Brasil, que juntos controlam quatro ministérios e possuem 109 deputados e 14 senadores, anunciaram que fecharam questão contra a medida provisória que eleva impostos e muda a tributação de setores estratégicos.
O fechamento de questão é uma estratégia que obriga todos os parlamentares das siglas a votarem de forma unificada, colocando o governo em uma situação ainda mais delicada. Com o apoio de partidos da oposição, como PL e Novo, a articulação representa pouco mais de um terço do Congresso e já dificulta seriamente a aprovação da proposta.
"Intransigência e insatisfação"
O anúncio, liderado pelos presidentes do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil, Antonio Rueda, foi feito em coletiva de imprensa marcada pela insatisfação com o plano de arrecadação do governo. A medida, que inclui a taxação de 5% sobre Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs), mudanças na tributação de instituições financeiras e aumento de impostos sobre bets, tem gerado críticas ferozes por priorizar o aumento de receitas sem cortes significativos de gastos.
– O governo precisa apresentar soluções reais, e não apenas empurrar o custo para o setor produtivo e a população – afirmou um dos dirigentes durante o evento.
Reação da base e impacto político
A expectativa das lideranças do PP e do União Brasil é que sua postura inspire outros partidos da base aliada a também se manifestarem contra o aumento de impostos. O posicionamento põe em xeque a liderança de Lula e revela uma crescente insatisfação dentro do Congresso, incluindo críticas sobre a ausência de propostas efetivas para cortar despesas públicas.
Empresários e políticos têm apontado a falta de medidas para reduzir gastos, como o enxugamento do Fundeb, como um dos principais problemas do pacote apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As mudanças foram discutidas no último domingo em uma reunião tensa com deputados e senadores, mas nenhum consenso foi alcançado.
Impactos econômicos e empresariais
A MP é vista como essencial para que o governo alcance a meta de zerar o déficit primário em 2025. Contudo, a pressão da base e do setor empresarial já forçou uma revisão parcial do decreto que elevou o IOF sobre diversas operações financeiras.
Com um bloqueio de R$ 30 bilhões no Orçamento e protestos crescentes do setor produtivo, a crise expõe a fragilidade das articulações políticas do governo e abre caminho para uma guerra aberta entre o Planalto e parte de sua própria base de apoio.
A rebelião de PP e União Brasil é um sinal claro de que a estratégia de Lula para equilibrar as contas públicas enfrenta resistências que podem comprometer a governabilidade e a estabilidade econômica do país.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e siga nossas redes sociais.
*Com informações Folha Press